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Protesto na Esplanada terminou com 88 detidos, metade de fora de Brasília

Quarenta e dois manifestantes presos são de estados como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Apesar da depredação, Secretaria de Segurança Pública considerou operação um sucesso

A secretária da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, Márcia de Alencar, considerou a ação da Polícia Militar nas manifestações desta terça-feira ;um sucesso;. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa do órgão em que também participaram os comandantes da PM, coronel Marco Antônio Nunes, do Corpo de Bombeiros, coronel Hamilton Santos, e o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba. No evento, eles informaram o número de militares feridos - oito - e também o de detidos por conta da depredação e dos confrontos - 88. Ao todo, 3 mil manifestantes participaram do ato e a capital recebeu 32 ônibus de outros estados. O evento começou com 600 PMs escalados e terminou com 2,5 mil.

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Segundo informações do coronel Hamilton Santos, dois PMs foram atendidos com suspeita de afundamento de crânio. Seis foram levados para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Além disso, os bombeiros atuaram em dois incêndios em contêineres e um em um ônibus. Este último, teria sido provocado por um adolescente de Curitiba (PR) para acompanhar os protestos contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, que limita os gastos públicos durante 20 anos. A corporação não atendeu nenhum manifestante.

O adolescente foi levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente da Asa Norte (DCA I). Do total de apreendidos, segundo Eric Seba, 42 vieram de estados como Santa Catarina, Paraná, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. PMs levaram os detidos para a 5; Delegacia de Polícia (área central de Brasília), para a 1; DP (Asa Sul), para a 2; (Asa Norte), e para o Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade, além da DCA.

De acordo com o comandante-geral da PM, os militares revistaram ao menos mil pessoas e conseguiram detectar um grupo grande de manifestantes que evitou os bloqueios, grande parte deles, detidos durante os confrontos e atos de vandalismo. ;As pessoas que não se submeteram às linhas de revista estavam com o intuito de depredar, vandalizar e agredir de forma premeditada. Tivemos aproximadamente três mil pessoas no protesto e mil passaram pelas linhas de revista;, disse.

Policiais detiveram parte dos manifestantes no Setor Comercial Sul e no início da W3 Norte. Ainda de acordo com o Marco Antônio Nunes, eles estavam com escudos improvisados, máscaras de gás, garrafas de vidro, combustível, facas, objetos pontiagudos, pedras e pedaços de madeira. O diretor-geral da Polícia Civil disse que a corporação estuda a possibilidade de enquadrar parte dos manifestantes detidos por crime em flagrante, na Lei de Segurança Nacional.

Entre os manifestantes há pessoas identificadas em outros confrontos, em manifestações contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e das manifestações de 2013. Márcia ressaltou que a capital federal tem sido palco de grandes manifestações, mas que os confrontos devem ser evitados. "Não podemos confundir manifestação com vandalismo;, ressaltou.

Marcas na cidade

Na Esplanada, onde os danos foram mais extensos, ainda era possível ver placas de localização amontoadas e queimadas na manhã desta quarta-feira (14). O vidro da parada de ônibus mais próxima do Museu Nacional também foi quebrado durante a luta entre manifestantes e policiais militares e um orelhão foi arrancado. Também no início da manhã, agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) e homens da PM retiraram o ônibus incendiado na via N2.

Os estragos não se resumiram à Esplanada. Durante os protestos, manifestantes quebraram os vidros das agências do BRB, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do Santander, no Setor Bancário Sul, do diretório regional do Partido trabalhista Brasileiro (PTB) e de uma concessionária na 502 Norte, em que carros foram depredados. Os estabelecimentos cobriram as fachadas com lonas e tábuas.

A Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) e a Câmara de Diregentes Lojistas do DF (CDL-DF) a emitiram notas de repúdio contra os confrontos e atos de vandalismo durante as manifestações. A TCB disse repudiar a destruição de um ônibus da empresa por um grupo de manifestantes. ;A empresa reconhece o livre direito à manifestação como essencial à democracia, mas destruir um bem público, que serve a todos os brasilienses é inaceitável;, afirmou no texto.


Na nota da CDL-DF, o tom é de ;preocupação e repúdio ao protesto desta terça-feira;. ;A CDL-DF, como representante do comércio e dos lojistas da capital, vem por meio desta cobrar das autoridades governamentais segurança e esclarecimentos rápidos e efetivos à população. Todo o varejo está com receio de abrir suas lojas e diversos funcionários com medo de ir ao trabalho e até caminhar na rua. O clima de segurança precisa ser novamente estabelecido na cidade;, detalha parte do texto.