O fazendeiro Marcelo Imperial, 47 anos, caminha ao lado dos viveiros em seu rancho, localizado a 44 km do centro de Brasília, enquanto explica o motivo de uma de suas principais preocupações: a preservação da fauna do Distrito Federal. Em especial, a das aves que trazem na plumária as cores da bandeira do Brasil, as araras-canindé. ;Pássaro não deve ser enjaulado. Em gaiola, ele não canta, só lamenta;, conta. Desde 2007, ao lado dos irmãos, a historiadora Marta, 52, e o administrador Márcio Imperial, 53, ele cuida de bichos vítimas de maus-tratos e contrabando, na fazenda Chapada Imperial, e os reintegra à natureza.
Marcelo acrescenta que os animais se apegam a quem lhes trata bem. Prova disso é que, há 15 dias, 10 araras, cuidadas por Marcelo e, posteriormente, reinseridas ao meio ambiente, regressaram voluntariamente ao aviário. Desde então, nem ameaçam deixar o local. As araras se juntaram a outros sete animais da mesma espécie e a 20 jabutis. Marcelo arrisca um palpite para o regresso: ;Ou foram capturadas e, em seguida, fugiram, ou não encontraram lugar melhor na natureza;. Ele conta que reconheceu as aves pelas anilhas ; arcos de metal presos às patas para identificação ;, presentes em metade das araras que retornaram. O irmão dele, Márcio, avalia que o projeto liderado pela família, o Bicho Livre, já reintegrou mais de 4,5 mil bichos à natureza: papagaios, tucanos, tamanduás, jabutis e cobras.
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Os animais desembarcavam na fazenda após serem apreendidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em operações de combate aos maus-tratos, ao contrabando e à criação em cativeiros. Desde 2015, porém, o Ibama e a Polícia Militar Ambiental enviam os bichos capturados para o próprio Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).