A estudante Luanda Conceição, 10 anos, dá de ombros para o mau cheiro exalado pelo adubo na composteira da Escola Classe 15 de Ceilândia, enquanto escava os restos de alimentos do local. ;O mais importante é ajudar a melhorar meu colégio;, justifica a aluna do 5; ano, antes de mergulhar as mãos na terra para cuidar da horta. Ao lado de 18 colegas, a garota mantém essas e outras atividades de educação ambiental do centro de ensino, como redução do consumo de água, coleta seletiva e combate a insetos transmissores de doenças. O projeto alçou a instituição à finalíssima do concurso Saneamento nas escolas: nós fazemos, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental do Distrito Federal (Abes-DF), em parceria com a Secretaria de Educação do DF (SED-DF).
Outras 23 escolas das redes pública e privada concorrem ao prêmio máximo, de R$ 10 mil. O concurso visa à promoção de melhorias no saneamento básico local por meio de atividades de educação ambiental e de mobilização da comunidade escolar. As instituições de ensino participantes tiveram de promover um diagnóstico da situação em seu espaço interno e no entorno. Com base no relatório, colocaram em prática ações para sanar os pontos críticos identificados.
Na Escola Classe 15, o despejo de óleo de cozinha no esgoto encabeçou a lista de problemas. A prática contribui para o entupimento de canos e tubos e para a consequente proliferação de fungos e bactérias. ;Isso pode causar doenças, se nós bebermos água contaminada, por exemplo;, explica Luanda. Além da formação dos estudantes, o centro de ensino assumiu uma nova função: tornou-se um ponto de coleta de óleo. Depois de reunido, o líquido chega a uma empresa de recolhimento de produtos descartáveis, parceira do colégio, e se transforma em biodiesel.
Coordenados pelo diretor, Ricardo Koziel, e pela vice, Mariângela de Oliveira, a equipe Um Por Todos e Todos Pela Cidadania, formada por 19 alunos dos 4; e 5; anos, também prima pela conscientização dos moradores. Ontem, os estudantes bateram de porta em porta pelas ruas da Ceilândia Norte. O objetivo? Distribuir panfletos com avisos sobre os perigos do despejo inadequado de óleo e dicas para reaproveitá-lo.
Uma das alertadas, a cabeleireira Leidy dos Santos, 30, costuma depositar o óleo pela pia. ;O encanamento entope, mais ou menos, duas vezes por ano. Às vezes, jogo o óleo também no esgoto. Mas, de agora em diante, vou deixar pessoas reaproveitá-lo;, conta. Já o pedreiro Emiliano Oliveira, 62, transforma o líquido em sabão caseiro. ;Reutilizamos também por causa do entupimento. Quem faz a manutenção do encanamento quando entope sou eu;, justifica.
Os estudantes identificaram também o desperdício de alimentos no local. A instituição atende, em tempo integral, 10 horas por dia, 450 alunos. ;Aqui, eles fazem quatro refeições. Perceberam que havia muito resto de comida indo para o lixo e, por isso, decidiram criar a composteira;, relembra Ricardo. No depósito, as sobras de alimentos se convertem em adubo, que, por sua vez, nutre a horta ao lado, criada em formas geométricas ;para facilitar o aprendizado dos alunos;, como explica a vice-diretora.
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