Morreu na manhã deste domingo (27/11) o militante de esquerda Álvaro Lins. Foi ativista contra o regime militar, participando de importantes eventos e ocupações da Universidade de Brasília (UnB) durante a ditadura. Chegou a viver na clandestinidade, com um pseudônimo. Lins faleceu no Hospital de Brasília, em decorrência de complicações após um transplante de fígado.
Toninho do Psol, em mensagem de texto, lamentou a morte do ativista. "Quis o destino que Álvaro partisse junto com Fidel Castro. Estive reunido com Álvaro no último dia 4, onde conversamos sobre a situação política do DF e perspectivas para o processo eleitoral de 2018. Uma grande perda."
Em entrevista ao Correio, publicada em 5 de novembro de 2013, Álvaro contou sua trajetória contra a ditadura, que resultaram em agressões e até em sua prisão. No fim da educação básica, passou no concurso para o Centro Integrado de Ensino Médio (Ciem), onde hoje funciona o ambulatório do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Álvaro acabou expulso da instituição, por questionar uma decisão do diretor adjunto.
O engajamento iniciado no colégio não morreu com a expulsão. Em junho de 1968, em meio a uma passeata na altura da 506 Sul, foi preso pela primeira vez. Em entrevista ao Correio em 2013, ele contou: ;Fomos cercados. Corri pra um prédio e estávamos entrando no elevador quando veio mais um cara. Achei que fosse outro estudante,mas ele jogou uma bomba de gás dentro. Mais homens chegaram e me bateram muito;, conta. O Diretório Central dos Estudantes Secundaristas de Brasília (DCESB) era acusado de atuar nas manifestações de 1968, bem como de vinculação com organizações clandestinas de esquerda.
Álvaro Lins tomou a frente de um comício relâmpago em uma quermesse de oficiais do Exército e do Serviço Nacional de Informação. Apanhou e foi preso mais uma vez. Depois de livre, continuou militando. Viveu na clandestinidade, em São Paulo e Rio de Janeiro, até 1981, com nome falso, trabalhando em fábricas e fugindo da polícia.
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