Ao chegar ao leito da filha, durante o horário de visita, Maria Cremilda viu a garota sendo retirada do lugar no Hospital de Base. Ela garante que havia, sim, sido informada de que Nayane receberia alta da UTI, mas que desconhecia o processo de transferência para outra unidade de saúde. %u201CEu perguntei se, ao menos, poderia acompanhar a minha filha, mas eles disseram que eu não podia. E que se eu não tivesse carro, fosse de ônibus%u201D, contou ao Correio, por telefone.
O irmão da vítima, Wellison Fragoso de Souza, 33 anos, conta que a paciente permanece em estado vegetativo, mas que a permanência na UTI do Base se tornou fundamental para a melhora do quadro de saúde da jovem. Segundo ele, após a transferência para a unidade de Samambaia, houve regressão. %u201CEla não responde mais aos estímulos de voz, como fazia antes%u201D, lamenta.
Apesar de ter sido transferida para o HRSam em 18 de agosto, o primeiro exame de Nayane só foi marcado para 22 de setembro, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), e não pode ser realizado. Segundo a mãe dela, a unidade informou que não faz eletrocardiograma e que o HRSam tem conhecimento disso. O irmão Wellison relata que apenas um dos três exames solicitados para a segunda-feira (26/9) foi realizado. Um deles, o eletroencefalograma, não pode ser feito por que, segundo o hospital a paciente não estava apta para o procedimento, por conter algum tipo de produto cosmético no cabelo, o que pode alterar o resultado do exame. O hospital ressaltou ainda, em nota, que tem toda capacidade e estrutura para atender a jovem, que está internada na unidade e recebendo toda a assistência médica.
[SAIBAMAIS] Protocolo
Sobre a transferência da paciente, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informa que seguiu à risca o protocolo, com aviso prévio, contradizendo a família. A pasta alega que a paciente seguiu para o hospital de origem, o HRSam, porque apresentou melhora no quadro e não havia necessidade da estadia na UTI do Base. %u201CA remoção de pacientes entre as unidades que compõem a rede pública de saúde, para internação ou realização de exames, segue o protocolo estabelecido pela própria secretaria, já que uma unidade complementa a outra na assistência à população%u201D, informou a secretaria. %u201CCaso a paciente apresente piora no caso, existe a possibilidade de retorno ao HBDF%u201D, completou.
Entenda o caso
Caída e desacordada no canteiro central da avenida, próximo ao Parque Ecológico Três Meninas, na QR 209 de Samambaia Sul. Assim estava a estudante Nayane Fragoso, que voltava de uma festa com três amigas, quando o carro no qual se encontravam capotou. Seis horas depois, a família foi informada sobre o acidente e do paradeiro da moça, que havia sido levada, às pressas, ao Hospital de Base.
Com o impacto do acidente, Nayane foi lançada para fora do carro e apresentou traumas no crânio, coluna cervical e lombar e tórax. Por apresentar politrauma, a paciente seguiu "para avaliação no Hospital de Base%u201D. A equipe da traumatologia e neurocirurgia entendeu que havia necessidade de internação em leito de terapia intensiva%u201D, segundo boletim da Secretaria de Saúde. A paciente permaneceu no hospital durante 19 dias, e levada para o Hospital Regional de Samambaia, sem aviso prévio, segundo a família.