Jornal Correio Braziliense

Cidades

Paciente perde vaga na UTI do Base e família alega retrocesso em tratamento

Transferida ao HRSam, Nayane Fragoso, 20 anos, encontra-se em estado vegetativo. Ela sofreu um acidente de carro, onde duas amigas morreram

Após 19 dias de terapia intensiva na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), a estudante Nayane Fragoso de Almeida, 20 anos, foi transferida para o Hospital Regional de Samambaia (HRSam). Ela sofreu um acidente de carro na madrugada de 31 de julho e ficou em estado grave. Duas amigas da jovem morreram na hora. A mãe da vítima, Maria Cremilda Fragoso de Sousa, 53 anos, alega que a transferência da filha ao HRSam foi feita sem um pedido de autorização do hospital. Além disso, afirma que o tratamento de Nayane tem sido prejudicado fora do HBDF.



Ao chegar ao leito da filha, durante o horário de visita, Maria Cremilda viu a garota sendo retirada do lugar no Hospital de Base. Ela garante que havia, sim, sido informada de que Nayane receberia alta da UTI, mas que desconhecia o processo de transferência para outra unidade de saúde. %u201CEu perguntei se, ao menos, poderia acompanhar a minha filha, mas eles disseram que eu não podia. E que se eu não tivesse carro, fosse de ônibus%u201D, contou ao Correio, por telefone.



O irmão da vítima, Wellison Fragoso de Souza, 33 anos, conta que a paciente permanece em estado vegetativo, mas que a permanência na UTI do Base se tornou fundamental para a melhora do quadro de saúde da jovem. Segundo ele, após a transferência para a unidade de Samambaia, houve regressão. %u201CEla não responde mais aos estímulos de voz, como fazia antes%u201D, lamenta.

Apesar de ter sido transferida para o HRSam em 18 de agosto, o primeiro exame de Nayane só foi marcado para 22 de setembro, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), e não pode ser realizado. Segundo a mãe dela, a unidade informou que não faz eletrocardiograma e que o HRSam tem conhecimento disso. O irmão Wellison relata que apenas um dos três exames solicitados para a segunda-feira (26/9) foi realizado. Um deles, o eletroencefalograma, não pode ser feito por que, segundo o hospital a paciente não estava apta para o procedimento, por conter algum tipo de produto cosmético no cabelo, o que pode alterar o resultado do exame. O hospital ressaltou ainda, em nota, que tem toda capacidade e estrutura para atender a jovem, que está internada na unidade e recebendo toda a assistência médica.

[SAIBAMAIS] Protocolo
Sobre a transferência da paciente, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informa que seguiu à risca o protocolo, com aviso prévio, contradizendo a família. A pasta alega que a paciente seguiu para o hospital de origem, o HRSam, porque apresentou melhora no quadro e não havia necessidade da estadia na UTI do Base. %u201CA remoção de pacientes entre as unidades que compõem a rede pública de saúde, para internação ou realização de exames, segue o protocolo estabelecido pela própria secretaria, já que uma unidade complementa a outra na assistência à população%u201D, informou a secretaria. %u201CCaso a paciente apresente piora no caso, existe a possibilidade de retorno ao HBDF%u201D, completou.

Entenda o caso
Caída e desacordada no canteiro central da avenida, próximo ao Parque Ecológico Três Meninas, na QR 209 de Samambaia Sul. Assim estava a estudante Nayane Fragoso, que voltava de uma festa com três amigas, quando o carro no qual se encontravam capotou. Seis horas depois, a família foi informada sobre o acidente e do paradeiro da moça, que havia sido levada, às pressas, ao Hospital de Base.

Com o impacto do acidente, Nayane foi lançada para fora do carro e apresentou traumas no crânio, coluna cervical e lombar e tórax. Por apresentar politrauma, a paciente seguiu "para avaliação no Hospital de Base%u201D. A equipe da traumatologia e neurocirurgia entendeu que havia necessidade de internação em leito de terapia intensiva%u201D, segundo boletim da Secretaria de Saúde. A paciente permaneceu no hospital durante 19 dias, e levada para o Hospital Regional de Samambaia, sem aviso prévio, segundo a família.