Jornal Correio Braziliense

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Professores lançam livro em homenagem aos 114 anos de JK

Por meio de pesquisa, a obra conclui que o acidente que matou Juscelino é obra da ditadura

Na data em que o presidente Juscelino Kubitschek completaria 114 anos, os professores Alessandro Octaviani, Lea Vidigal Medeiros e Marco Aurélio Braga lançaram, na capital, a obra O assassinato de JK pela ditadura: documentos oficiais. O livro é um dos resultados da pesquisa do Grupo de Trabalho Juscelino Kubitschek (GT-JK) e coleciona todas as manifestações do Estado brasileiro sobre a morte do ex-presidente. Desde documentos, como a certidão de óbito do político, morto em 22 de agosto de 1976, até o relatório da Comissão Nacional da Verdade sobre o Caso JK.

O lançamento ocorreu na noite de ontem, no Centro Cultural Evandro Lins e Silva, no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e contou com a participação de admiradores de JK, advogados, jornalistas, estudantes e historiadores. Os convidados foram recebidos com coquetel e participaram de um amplo debate sobre a morte do fundador de Brasília com os organizadores.

Para os idealizadores, o livro é um trabalho de fôlego e permitirá que o assunto seja abordado com muito mais rigor técnico. Essa é também uma obra que promete tratar adequadamente uma ferida nacional, pois, graças ao material coletado, comprova-se, de forma lógica, o assassinato político. ;Criamos o GT-JK, em maio de 2014, com mais de 30 pesquisadores de graduação e pós-graduação da Universidade de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que decidiram, voluntariamente, empreender uma investigação séria e aprofundada do caso, à altura de um presidente da República;, explicou Lea Vidigal. ;Estamos muito honrados de promover esse lançamento nessa data simbólica e ainda, aqui em Brasília, a cidade construída por ele.;

Também organizador da obra, Marco Aurelio Braga disse que sempre se soube que o Caso JK era repleto de elementos suspeitos e de mentiras, como a ;notícia plantada; de que o presidente teria morrido por colisão de trânsito, ou mesmo os diversos planos dos militares que existiam desde a década de 1960 para matá-lo. ;A obra é útil para um povo interessado em tomar o seu destino nas próprias mãos, com alegria, vigor e generosidade com o próximo. Essas são marcas que Juscelino deixou em seus governos, e mesmo depois de sua cassação e perseguição. O local escolhido não poderia ter sido outro. A OAB representa a busca por justiça e a luta por um Brasil mais justo e solidário;, comentou Marco.

Para os pesquisadores, o país demorou até chegar perto de investigações sérias, amplas e técnicas. ;A nosso ver, levar ao conhecimento do público toda a documentação é o melhor caminho para ter esse capítulo da história esclarecido de forma definitiva;, afirmou Alessandro Octaviani. ;Essa opção foi feita para que o público leigo e especializado tenha acesso a tudo o que foi produzido sobre o caso, e possa tirar suas próprias conclusões. Não precisamos esconder os documentos que dizem ter havido um acidente ou defender o assassinato como uma versão da história, pois os fatos e os documentos levam a essa conclusão. O resultado está aí, para todos vermos. Recuperar a verdade do passado é também uma forma de mudar o futuro;, acrescentou.

Celebração
Em homenagem ao aniversário do antigo presidente Juscelino Kubitschek, o Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) levou um dos criadores do projeto da capital ao Monumento Vértice 8, localizado na Praça do Cruzeiro. O ato simbólico teve o objetivo de ressaltar a importância do local, que, na maioria das vezes, passa despercebido pela população. A obra é um ponto portador de latitude e longitude onde foi calculado como seriam implantadas as construções dos Eixo Monumental, do Eixo Rodoviário, das superquadras e das Asas Sul e Norte. A cerimônia ocorreu, na manhã de ontem.

Natural de Minas Gerais, o cartógrafo, Jerthro Bello, 87 anos, participou ativamente da criação de Brasília. Morador da capital desde 1957, Bello considera uma honra a experiência de ter acompanhado de perto todo o planejamento da cidade. ;Fui convidado por Juscelino para participar das obras. Foi tudo muito corrido em relação a planejamento;, conta.

O cartógrafo relata que, quando pisou no Distrito Federal, a habitação era quase nula. ;Quando cheguei aqui, não havia nada, apenas algumas fazendas e a vegetação do cerrado. Toda a equipe da época se dedicou muito para tirar o projeto dos papéis;, diz. Bello ainda vive na mesma casa, na Asa Sul, que adquiriu quando chegou. ;Consegui acompanhar o desenvolvimento de Minas quando era jovem, e hoje posso observar como Brasília é grande. Já estou mais pra lá do que pra cá, quem sabe do outro lado eu não possa ajudar a construir outra cidade?;, brinca.

Em 2009, Bello doou para o Arquivo Público um conjunto documental com todos os cálculos utilizados para realizar a construção da cidade. De acordo com o diretor de pesquisa do ArPDF, Elias Manoel da Silva, é importante detalhar como a capital foi construída. ;As pessoas precisam saber que Brasília não foi colocada poeticamente no chão. A região foi pensada e calculada, houve um conjunto matemático inserido na localização geográfica para dar início às obras;, explica.
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