Brasília é considerada a capital das academias, mas o setor ainda tenta equilibrar as contas para garantir um reaquecimento em meio à crise econômica. Entre os 1,2 mil estabelecimentos do gênero espalhados por todo o Distrito Federal, vários têm adaptado a oferta de serviços em prol do retorno financeiro. Profissionais do ramo participaram neste fim de semana do encontro Brasília Capital Fitness, que termina hoje. O evento oferece cursos para profissionais da área e serve de espaço para debates sobre as perspectivas do segmento.
Diante das dificuldades do setor, os empresários e educadores físicos buscam saídas. ;As academias estão com dificuldade de manter seus níveis de vendas. Isso tem feito aumentar o número de estabelecimentos conhecidos como low cost: aquelas academias com bons equipamentos, mas baratas. A diferença é que ela não tem serviço. Você entra, malha e vai embora;, resume Fábio Padilha, dono de quatro desses comércios.
Segundo ele, as academias mais tradicionais são as que sentem a debandada de praticantes. ;O modelo de negócio low cost tem invadido o Brasil. A tradicional, que cobra entre R$ 200 e R$ 300 e oferece atividades, foi mais afetada porque é cortada quando os gastos apertam;, explica. Como as academias são o mercado básico que alimenta o mundo fitness, as mudanças que os brasilienses têm feito acabam afetando seus setores dependentes. O personal trainer Renan Lustosa, 39 anos, está há 12 trabalhando na mesma empresa e garante que, hoje, tem liberdade para manter o preço que cobra aos seus alunos. Porém, ele é privilegiado: todos os novatos têm feito concessões para manter as contas no azul.
;Há quem aceite preços mais baratos e, quando encontra alguém disposto a pagar mais, faz leilão do horário. Mas entendo quem faz isso porque, quando é hora dos cortes, o primeiro que sai é o personal;, atesta, lembrando que cada um deles precisa pagar uma taxa para o uso do espaços da academia para as aulas. Ele reclama da prática, que tem sido cada vez mais comum, na qual um personal trainer atende várias pessoas ao mesmo tempo. Também critica o surgimento de muitos locais de treino com baixa qualidade, o que pode ser arriscado para quem pretende, de fato, buscar saúde. ;Isso acaba tirando o foco da aula individualizada, que é nosso objetivo. E academias sem equipamentos bons também atrapalham as que se preocupam com o bem-estar físico dos alunos.;
Os grupos de corrida sofrem com o mesmo problema de corte, mas os organizadores se esforçam para manter o ritmo. ;Além de oferecer um treinamento mais especializado, cada assessoria de corrida vai ter formas de fazer o aluno se sentir parte do time. Felizmente, não tivemos perdas. A procura pode não ter aumentado, mas, sem saídas, consigo manter o nível;, garante o coach Rogério Aviani.
Ele frisa que o vínculo de amizade que surge entre os participantes não é o único motivo que os mantêm firmes. ;Há também o objetivo que cada um estabelece para si mesmo. Por isso que, mesmo que a procura tenha diminuído, estimulo meu time o bastante para que todos continuem juntos.; Aviani também nota que a busca por qualidade de vida já faz parte da realidade brasiliense. ;O público daqui não abre mão disso;, resume. E há provas disso. Pesquisa apresentada em agosto pelo Ipsos, empresa que analisa diversos ramos de negócios, mostrou que 14% da população brasiliense com 13 anos ou mais pratica alguma modalidade esportiva. O índice é maior que a média nacional. ;Temos pouco mais de 3 milhões de habitantes e 1,2 mil academias. Proporcionalmente, temos mais que em São Paulo;, afirma Fábio Padilha.
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