Aos 63 anos, o microempreendedor Carlos Roberto Domingos envolveu-se, por duas vezes, em acidentes de trânsito. Em ambas, estava sem o equipamento de proteção. Há 41 anos, no Eixo Monumental, ele dirigia e um primo ia no banco do passageiro. ;A pancada foi tão violenta que a porta se abriu e ele (primo) foi ;cuspido; para fora. Eu fui jogado do banco do motorista para o banco do passageiro;, relembra. Por sorte, os dois saíram sem ferimentos graves.
Mesmo após essa experiência, Carlos dificilmente se lembrava de colocar o cinto. Há um ano e três meses, se envolveu em nova batida quando saía de casa, na Cidade Ocidental (GO). Com o choque, quebrou um osso do ombro. Desde então, passou a ser mais vigilante. ;Entro no carro, penso no acidente e coloco o cinto. Essa história é um problema. Não se faz campanha direito e a gente acaba esquecendo;, critica.
Conscientização
Durante os Jogos Olímpicos, no Mané Garrincha, até mesmo a fiscalização se surpreendeu com a quantidade de condutores, passageiros e até crianças que dispensaram o acessório. ;Foram 328 autos por falta de cinto e 421, por estacionamento irregular;, revela o diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran, Silvain Fonseca.
Vários fatores podem explicar a negligência de motoristas e de passageiros. Entre eles, citam-se a correria diária; a sensação de impunidade, e o fato de algumas pessoas acreditarem que nada vai acontecer durante o trajeto. Mas, via de regra, quando há um acidente em que a vítima foi arremessada para fora do veículo, ela estava desprotegida, solta no banco. Na maioria absoluta dos casos, a pessoa morre no local devido à gravidade dos ferimentos.
No Brasil, uma das primeiras regulamentações sobre a obrigatoriedade do cinto está na Resolução 391, de maio de 1968. Mas a cobrança veio apenas em 1998, quando passou a vigorar o novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Até então, o equipamento só era exigido nas rodovias, e o texto da lei anterior não deixava claro se os ocupantes do banco de trás deveriam colocá-lo.
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