Jornal Correio Braziliense

Cidades

Moradoras do DF estão entre os 100 melhores do artesanato no Brasil

Sustentabilidade e inovação dos produtos foram essenciais para a escolha


As artesãs Maria de Fátima Lima, 53 anos, e Roze Mendes, 54, receberam um importante reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. As moradoras do Distrito Federal estão entre as finalistas do prêmio Top 100 de Artesanato, graças à sustentabilidade e à inovação dos produtos que fabricam. A habilidade e a beleza que podem ser vistas nas peças são fruto de trabalho coletivo ou individual, de paixões que sempre existiram ou que reacenderam, e do compromisso social e ambiental.

Esta é a segunda vez que Maria de Fátima, da Associação Brincando com Linhas, é indicada ao prêmio. Ela veio do Piauí para Brasília em 1980. O marido, Abel Alves, 65, viu na cidade um bom lugar para construir família. Moradora de Taguatinga desde então, a artesã e mãe de três filhos emociona-se ao lembrar como aprendeu a fazer os bordados. “Eu era criança e via minha mãe bordando para conseguir algum sustento. Sempre fui encantada por isso. Aprendi a trabalhar com ela.”

No entanto, a rotina na nova cidade a fez deixar de lado as habilidades com a linha. Quase 20 anos depois, em 1999, ela foi convidada a dar um curso de bordado e, ao lado de mulheres aposentadas, encantou-se novamente pela antiga paixão. “Depois do curso, resolvemos montar um grupo de linhas, fazendo alguns livros bordados. Foi aí que começou a associação”, lembra. Nessa época, Maria de Fátima enfrentou muitas dificuldades e, só em 2005, pôde, finalmente, comemorar a criação da Brincando com Linhas. Ela conta que, no início, muitas mulheres desistiram do negócio. “Muitas das minhas amigas precisavam dar atenção aos maridos, cuidar da casa. Elas não conseguiam conciliar tudo”, relata.

“No início, era tudo muito difícil, mas deu certo”, comemora Fátima. As bordadeiras da associação começaram a ver no artesanato uma fonte de renda e fizeram disso uma profissão. Hoje, a associação conta com quatro bordadeiras fiéis: Maria de Fátima, Maria de Lurdes, Maria Aparecida e Tereza. Completam o grupo mais 14 mulheres do interior da Bahia, que fazem serviços terceirizados. As empreendedoras se encontram uma vez por semana, na casa da artesã premiada.

Seleção

As inscrições para a premiação, iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do DF (Sebrae), começaram em setembro do ano passado e, desde então, o processo passou por seis etapas. A avaliação dos projetos inscritos inclui não apenas a qualidade dos produtos, mas também as práticas de gestão do negócio. Os jurados do prêmio consideraram características como inovação, identidade e compromisso cultural, embalagem, condições de trabalho, sustentabilidade, responsabilidade social e planejamento.

Quem também recebeu reconhecimento foi Roze Mendes, da Flores do Cerrado, premiada pela quarta vez. Ela conta que, desde pequena, era apaixonada pela arte e pelo artesanato. “Eu brilhava nos murais da escola. A arte sempre me atraiu”, lembra. Nascida em Brasília e moradora de Samambaia, a artesã trabalha com folhas do cerrado, fazendo as próprias flores. “Sempre quis fazer um artesanato que tivesse a minha identidade. Eu vi o cerrado no início desta capital e também o vi sumir. Queria trabalhar a sustentabilidade desse bioma que me marcou tanto”, relata.

Roze começou o trabalho com as flores do cerrado em 2000. Hoje, viúva, mãe e avó, não esconde o orgulho das conquistas que vieram com o artesanato. “Comprei a minha casa, formei os meus filhos”, emociona-se. A artesã começou com o projeto Empreendedorismo Social, do Sebrae, e é parceira da instituição desde então. Roze, que já ganhou o prêmio de Mulher de Negócios, também do Sebrae, conta que começou a apresentar sua arte em feiras. Depois de um tempo, o negócio cresceu, assim como a produção. “Flores do Cerrado é uma microempresa criada em casa, depois de muito trabalho e aprendizado”, complementa.

 

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