Dois dos quatro sinos do campanário da Catedral Metropolitana de Brasília voltaram a funcionar após um ano desativados por desgastes naturais na estrutura. Há duas semanas, os badalos vêm da peça maior, a Santa Maria, e da menor, a Pilarica, que passaram por manutenção. De segunda a sexta-feira, são controladas por meio de um sistema eletrônico e tocam às 6h, às 12h e às 18h. Aos sábados e aos domingos, soam nos mesmos horários e ainda cerca de 10 minutos antes das missas, celebradas às 8h30, às 10h30 e às 18h. Desde 1977, os sons são ouvidos por brasilienses e turistas. Mas não há previsão de quando retumbarão por completo — a última vez ocorreu há um ano. Os outros dois, Nina e Pinta, necessitam de reparos, que dependem de recursos financeiros.
Os sinos são tradição da Igreja Católica. Além de darem às pessoas uma localização temporal, por tocarem no mesmo horário todos os dias, convidam os fiéis a um momento de espiritualidade. “Nem que seja uma oração individual no lugar em que eu esteja, a melodia deles remete a isso. Às vezes, só o tocar nos faz lembrar da Igreja e acaba nos aproximando ainda mais de Deus. Quem mora ou trabalha aqui perto já comentou que percebeu a diferença”, conta o Coordenador do Setor de Comunicação da Arquidiocese e também pároco da Catedral, padre João Firmino Galvão.
A funcionária pública Isolina Nontes, 59 anos, veio de Cuiabá com o marido, Fernando Pereira, para visitar Brasília. Como uma boa católica, não deixou de ir à Catedral e, ao saber que os sinos voltaram a tocar, comemorou. “Sou muito devota. E isso é um sinal de chamado, me traz muita coisa boa do catolicismo. Sem contar que é uma coisa linda de se ver e ouvir”, diz. A turista de Manaus, Luzia Tosi, 56 anos, ressalta a importância de mostrar uma Igreja viva. “Traz alegria, vitória e festa. Anuncia de forma moderna a vinda do Salvador, o que, antes, era feito com trombetas. A cada vez que toca, mostra que algo bom está vindo”, constata.
Reparo especializado
Existem outras complicações para realizar consertos e manutenções nos outros dois sinos. É preciso pagar não só pelo trabalho, como também pelos gastos com o transporte e a estadia do engenheiro e especialista no instrumento com programação eletrônica, que vem do Rio de Janeiro. “Isso já foi feito. Estamos esperando ele enviar o relatório para fazermos o orçamento. A Catedral tem várias necessidades e os sinos são uma delas, mas, provavelmente, o conserto deles fugirá das nossas atuais condições. Ficamos no aguardo para saber o que vamos fazer em relação ao dinheiro”, explica João Firmino.
No caso do Nina, é preciso arrumar o badalo e, para isso, ele tem de ser retirado do lugar e levado para uma fundição, que ocorre em um lugar específico. O Pinta possui problema na aparelhagem que o fazia tocar. Ainda não há previsão para que eles voltem a bater, mas o pároco espera que todos estejam prontos para celebrações importantes deste ano, como Festa de Aparecida, em outubro, para o fim do Ano da Misericórdia, em novembro, ou Natal.
Quanto aos horários dos badalos, eles são tradicionais para a Igreja. Tocam de manhã para as laudes (as liturgias das horas) e para o despertar do novo dia. Às 12h, anunciam a hora média e convidam as pessoas a pararem um pouco no meio do dia e se voltarem a Deus e a si mesmas. “Já às 18h, soam para as vésperas, no fim de um dia de jornada, convidando também as pessoas para a devoção do Angelus, voltando-se à intercessão da Virgem, mãe de Deus e nossa mãe”, completa o padre João.
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