Brasília já vive o clima olímpico. Na véspera de duas das 10 partidas de futebol realizadas no Estádio Nacional Mané Garrincha, a cidade está enfeitada com o tema dos Jogos Olímpicos Rio 2016, recebe os primeiros turistas e convive com os comboios das delegações nacionais e estrangeiras. Os fãs fazem vigília na porta dos hotéis onde os atletas estão hospedados na esperança de ver de perto os ídolos. O governo estima em 300 mil o número de diárias no período e um impacto na economia local de cerca de R$ 156 milhões. Mas, por enquanto, os donos de hotéis, bares e restaurantes não compartilham do otimismo. A taxa de ocupação na rede hoteleira está em 36%, em média. Em agosto do ano passado, era de 56,3%.
A equipe do Correio percorreu, ontem, pontos turísticos da capital, além de hostels, pousadas e hotéis, durante cerca de 4 horas, em busca de visitantes brasileiros ou estrangeiros atraídos pelos jogos olímpicos. Locais como Catedral, Torre de TV e Praça dos Três Poderes não estão abarrotadas, como na Copa do Mundo de Futebol, e apenas duas turistas foram encontradas. Ambas acreditam, porém, que a situação mudará no dia das partidas de futebol.
;Alguns podem estar, momentaneamente, no Rio de Janeiro ou moram em cidades próximas;, acredita Abdulaziz Nazareli. O tanzaniano de 78 anos se mudou para o Brasil em 1971, devido a problemas políticos do país. Acompanhado pelo irmão, estabeleceu-se como vendedor ambulante na cidade de São João del-Rei, em Minas Gerais, e visitou diversos pontos do território brasileiro. Durante a Copa do Mundo, trabalhou como voluntário no Rio de Janeiro. A experiência, segundo ele, foi única. A satisfação por ajudar diferentes pessoas e conviver com culturas inusitadas foi o estopim para uma nova aventura. Dessa vez, Abdulaziz queria explorar um novo destino e veio sozinho a Brasília. ;Eu já conhecia a comunidade carioca. Gostei bastante, mas achei que poderia me aprofundar mais nos costumes brasilienses. Até agora, gostei bastante. Todos são muito acolhedores;, conta.
A lituana Sigita Zigure, 24, também será voluntária durante os Jogos Olímpicos. No entanto, prestará serviços no Rio de Janeiro. Ainda assim, decidiu desviar o percurso inicial durante dois dias para conhecer os monumentos arquitetônicos brasilienses. Encantada, a jovem afirma nunca ter visto algo parecido com os edifícios projetados por Oscar Niemeyer e Lucio Costa. ;É magnífico. Difere-se do usual. As linhas, os detalhes;Estou simplesmente maravilhada.;
Empresários e integrantes de associações de classe, porém, não compartilham do mesmo sentimento que os turistas. Vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do DF, Henrique Severien, diz que, a dois dias do início do evento olímpico, há muitos quartos vagos na cidade. ;Além de não termos captado ainda uma massa significativa de torcedores, como ocorreu na Copa do Mundo, o evento congelou as outras atividades que movimentam o nosso setor, que é o turismo de negócios;, explica. Com isso, segundo Severien, além de os hotéis não faturarem com os Jogos Olímpicos, ainda perdem a receita com aluguel de salas e equipamentos do turismo de negócios. ;Apesar de importantes, as Olimpíadas não têm tanto apelo quanto a Copa. E vai faturar mais a cidade-sede, Rio de Janeiro, onde há a disputa de muitas modalidades. Aqui em Brasília, deve estar sendo maravilhoso para os hotéis que receberam as delegações. Mas, para os demais, a situação está bem apertada.;
Hoje, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) vai se reunir com os associados para traçar um panorama do setor. Mas Damaris Andrade, diretora da entidade, adianta que conversas informais com alguns dos empresários sinalizam que ainda não houve incremento de clientes nos estabelecimentos.
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