Benjamin ganha a vida fazendo a felicidade de outras pessoas. Personagem central do filme O palhaço, o enredo mescla drama e comédia, na busca de um homem circense cheio de questionamentos sobre a própria vida e as escolhas. A história é de 2011, mas não deixará de ser uma novidade para aqueles que têm o cinema como algo distante ; ainda mais no quintal de casa. A partir das 18h30 de hoje, 200 cadeiras estarão dispostas em uma das comunidades mais carentes do Distrito Federal, o Sol Nascente, em Ceilândia, para receber a plateia, que assistirá a curtas-metragens e ao longa protagonizado por Selton Mello. É provável que alguns espectadores dali nunca tenham tido diante de si uma tela de cinema, algo corriqueiro para quem trabalha no projeto Cinesolar, uma iniciativa que já realizou mais de 200 sessões em centenas de cidades do país, ultrapassando a marca de 40 mil espectadores. Mas, além de levar a magia do cinema para os lugares mais improváveis, a inovação do projeto itinerante se dá em outra esfera: os filmes são exibidos usando energia solar.
Além do Sol Nascente, um acampamento cigano em Sobradinho e a Vila Arco-Íris, na Granja do Ipê, e São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, receberão, neste mês, a segunda etapa do circuito chamado Caminhos do Brasil, que traça o percurso do projeto Cinesolar. Idealizada em 2013 pela Brazucah Produções, por meio da Lei de Incentivo à Cultura e com o patrocínio do Google, a proposta é unir arte, cinema e sustentabilidade, usando energia limpa e renovável. Tudo funciona a partir de uma van equipada com placas solares, que possibilitam, através de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e apresentações artísticas. No interior do carro, vão as 200 cadeiras, que são disponibilizadas ao público, telão com metragem de 200 polegadas, sistema de projeção e som e até um estúdio de gravação.
A idealizadora e coordenadora do projeto, Cynthia Alario, tem 35 anos e trabalha com cinema há 15. Ela conta que a ideia surgiu em um encontro latino-americano de cinema, onde representou o Brasil. ;Tive contato com um grupo da Holanda que já trabalhava com o cinema solar. Quando vi o projeto, me inspirei a fazer algo nesse sentido. Eu entendi que, no Brasil, o cinema solar seria mais que um cinema.; A partir daí, Cynthia reuniu mais gente interessada e montou um coletivo. Caminham com a produtora cultural o editor de vídeo e educador ambiental Paulo Perez, diretor de arte do Cinesolar; e o ator, músico e educador Guilherme Folco, que desenvolve um trabalho musical multi-instrumentista chamado Multisambofônico.
Roteiro do Cinesolar