Ocorre amanhã (26) a décima nona edição da Parada do Orgulho LGBTS de Brasília. A concentração começa às 13h em frente ao Congresso Nacional, e segue pela Esplanada dos Ministérios. A marcha deste ano conta com o tema ;2.615 Já;, pedindo a regulamentação da Lei Distrital 2.614 de 2000, que pune empresas privadas e públicas que promoverem ou permitirem a discriminação de pessoas em virtude de sua orientação sexual.
Na semana do evento, a Associação da Parada do Orgulho LGBTS de Brasília divulgou pesquisa realizada com 375 pessoas no DF que revela que a discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT) no Distrito Federal caiu. O dado vem do comparativo entre o levantamento atual, e o primeiro, realizado em 2007, onde apurou-se que 64% dos entrevistados haviam sido vítimas de discriminação nos dois anos anteriores. Na pesquisa realizada agora, o mesmo índice caiu para 51,4%. Número 20% menor.
Para Welton Trindade, coordenador da pesquisa e da Parada LGBTS, o número traz um misto de preocupação e comemoração. ;Deve ser destacado a diminuição do número, mas ainda é preocupante que metade dos LGBTs de Brasília ainda sofram preconceito. E a pesquisa ainda mostra que 87% deles não fizeram relatos oficiais sobre o ocorrido;, conta.
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A organização do evento espera a presença de 50 mil pessoas no desfile, e destaca a importância política do evento. A Lei 2.614 de 2000 foi proposta pelo Governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, deputado distrital na época. Acabou sendo vetada pelo ex-governador, Joaquim Roriz, e mantida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. ;Não existe fiscalização nem punição. O Rollemberg não cumpre a lei que ele mesmo criou. A população LGBT não se sente ouvida nem representada neste atual governo;, relata.
Comemoração e luta
Neste ano, a recém criada Delegacia Especial de Repressão aos Crimes de Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência terá tenda no evento. Além de garantir a segurança da festa, poderá ser realizados denúncias de homofobia no local. A organização da Parada realizará no evento teste de HIV, onde a população poderá escolher quando receber o resultado.
Gustavo Almeida, 24 anos, comparecerá pelo quarto ano seguido a marcha, e destaca a importância do evento como a hora em que a Comunidade LGBT tem a sua voz ouvida. ;Não é apenas uma festa onde vamos nos divertir, a importância do evento está em mostrar para a população que nós existimos, e que estamos aqui para buscar que nossos direitos sejam respeitados;, comenta.
Vítima de homofobia, Gustavo conta que faz parte dos 87% que não denunciaram. ;É muito importante a regulamentação da Lei 2.614 e da criação de uma delegacia especial para crimes de descriminação. Já sofri preconceito, mas na época por falta de informação, me senti desassistido e não realizei a denúncia;, relata. O Disque Direitos Humanos, ou Disque 100, também recebe e examina denúncias de preconceito com LGBT;s.