Jornal Correio Braziliense

Cidades

Com alta da inflação e crise, brasiliense retoma as compras coletivas

A prática, comum nos anos 1980, agora é realizada por meio de sites especializados e redes sociais

'Agora, estou pensando em expandir para as compras de supermercado e transformar em um negócio. Às vezes as pessoas compram um sabão em pó de marca inferior para economizar. Mas, no coletivo, ela pode pegar o produto de primeira linha e, ainda assim, pagar mais barato'
Cristiano Barbosa, publicitário
A alta dos preços provocada pela crise econômica trouxe de volta uma prática comum nos anos 1980: as compras coletivas. É provável que a geração dos 30 anos ou menos tenha redescoberto a iniciativa por acaso, na tentativa de conseguir mais descontos. Mas, certamente, a geração de 50 anos ou mais se lembra bem dos malabarismos para amenizar os efeitos de uma inflação de até 200% ao ano, como ocorreu entre 1983 e 1985. Um jeito de perder menos o poder de compra era reunir os amigos e comprar no atacado, assim que o salário caía na conta.

Passadas três décadas, o país enfrenta nova dificuldade econômica. O ano de 2015 fechou com inflação acumulada de 10,67%, índice bem menor do que o auge da chamada ;década perdida;, mas faz diferença no bolso do cidadão que viveu um longo período de índices com apenas um dígito. Quando a filha Valentina nasceu, há três meses, a professora Bárbara Rosa Teixeira, 31 anos, se interessou em comprar um sling, faixa de tecido com a qual a mãe amarra o bebê ao próprio corpo. Para baratear ao custo e o frete, ela mobilizou 20 mulheres, que fizeram uma compra coletiva. ;Conseguimos um desconto de 20% em cada peça, e a entrega ficou em cerca de R$ 5 para cada uma;, comemora.


Esta foi a primeira vez que Bárbara organizou algo assim. Mas tem experiência nesse tipo de comércio. ;Quando me casei, eu fiz parte de um grupo de noivas e comprávamos tudo coletivamente. Vale muito a pena;, garante. Organizar a aquisição dos produtos não é fácil. Além da responsabilidade de não deixar ninguém de fora e pedir o produto correto, tem a entrega. ;Se for um produto caro, é perigoso deixar isso em casa;, cita.

Tendência


O professor do Departamento de Administração e Finanças da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Silva diz que a prática é uma tendência diretamente ligada à crise econômica. ;As dificuldades têm levado as pessoas a buscar formas de baixar o custo e fazer disso um meio de sobrevivência. Na distribuição de hortifrútis da Ceasa, 20% das compras são coletivas. Nos hipermercados, o percentual chega a 10%;, cita.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui