Jornal Correio Braziliense

Cidades

Moradores do Plano Piloto protestam por Plano Urbanístico de Brasília

Representantes de entidades do setor também pedem que documento do Iphan seja revogado. Órgão reafirma que normas não mudam o tombamento

A publicação da Portaria n; 166 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem causado reações entre moradores do Plano Piloto e entidades em defesa do Plano Urbanístico de Brasília. Ontem, um grupo se reuniu na Praça do Compromisso, conhecida como Praça do Índio, na Entrequadra 703/704 sul, para pedir a revogação do documento. Eles alegam que os artigos ferem o projeto idealizado por Lucio Costa e dá brechas para intervenções comerciais, principalmente nas quadras 700. O órgão argumenta que só complementou e detalhou as regras do tombamento da capital do país.

Moradora da 315 Sul, a servidora pública Regina Suzuki, 55 anos, vê a norma como uma desrespeito ao conjunto urbanístico da capital. ;A partir do momento em que é autorizado algum tipo de comércio nas 700, o Iphan simplesmente destrói o projeto Plano Piloto, que é requintado, e, por esse motivo, recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade. A portaria destrói um sonho dos brasileiros, uma cidade já consolidada;. Para ela, cabe ao órgão apenas determinar a preservação de Brasília. ;Eles tinham que defender o patrimônio. A portaria, por exemplo, dá chancela para que os puxadinhos sejam expandidos em vez de serem eliminados;, completa.

Entidades como o Instituto Histórico e Geográfico do DF, os conselhos comunitários da Asa Sul, da Asa Norte e do Sudoeste, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, a Associação Casa de Lucio Costa e a Frente Comunitária de Preservação do Sítio Histórico de Brasília, além de prefeitos de várias quadras, vão recorrer à Justiça para tentar revogar o documento do Ihpan. ;Com pretexto de preservar a cidade, a portaria flexibiliza parâmetros e abre brechas para as mais diversas ao Plano Urbanístico local. A comunidade de Brasília combateu o PPCub que pretendia permitir agressões por pressões do mercado imobiliário. A 166 vem como pano de fundo para futuros ferimentos a Brasília. Vamos entrar com uma ação contra no Ministério Público;, explica o presidente do Conselho da Asa Sul, José Daldegan.

O Iphan publicou a norma em 13 de maio, depois de 18 meses de trabalho de técnicos do instituto. A nova legislação não revogou a Portaria n; 314/1992, a primeira a tratar sobre as regras do tombamento. O superintendente do Iphan no DF, Carlos Madson, ressaltou que, sem a complementação, a atuação do órgão era limitada. Segundo ele, as adequações eram exigências da Unesco, órgão da ONU, para manter o título de Patrimônio Histórico e Artístico da Humanidade.

;O Iphan não tem competência para fazer ordenamento urbano. Isso é competência do GDF. O que ocorreu foi uma leitura equivocada e apressada da portaria. Ela apenas estabelece critérios de preservação de toda a cidade. Só definimos parâmetros de intervenção na cidade, posto que conjunto de Brasília é tombado;, afirma. ;Não é o Iphan que define as construções, e sim o governo local. Queremos garantir que áreas não sejam destruídas e que vias deixem de existir. De 89 artigos, apenas sete foram alvos de críticas e tudo isso por uma leitura rápida;, reafirmou.


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