Jornal Correio Braziliense

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Pacientes reclamam de falta de estrutura para tratamento mental

Dificuldade de acesso, desinformação e poucas opções aparecem como os principais problemas para quem precisa de assistência para distúrbios psiquiátricos no DF. Recentemente, no entanto, esses pacientes conseguem atendimentos humanizados



Cabeças raspadas, pés descalços, maltrapilhos ou nus. Essas pessoas ficavam amarradas em seus leitos ou deitadas em colchonetes velhos ou no chão. Cercado por muros e vigias, o lugar parecia uma prisão, por dentro e por fora. Muitos espaços não tinham janelas e ficavam fechados com grades de ferro. Esse era o tratamento oferecido nos manicômios da capital federal, que chegaram a oito na década de 1980. O Hospital São Vicente de Paulo, em Taguatinga, era o principal deles e existe até hoje. Mas as políticas de assistência mudaram com o avanço da Luta Antimanicomial, a partir de 1987 (leia Para saber mais).

Atualmente, o tratamento é baseado em atividades terapêuticas diversas, medicamentos e acompanhamento médico. A regra é oferecer mais liberdade, em vez de privação. Ainda assim, as internações em hospital psiquiátrico continuam uma alternativa no Distrito Federal, situação que só poderá ser contornada com a ampliação da rede de serviços substitutivos, como a construção de centros de atenção psicossocial (CAPs).

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Das 46 unidades previstas no Plano Diretor de Saúde Mental (PDSM/2010), apenas 17 deixaram a teoria ; 63% das residências terapêuticas, responsáveis pela reintegração de dependentes químicos, não foram construídas. Em setembro de 2009, o Tribunal de Justiça (TJDFT) havia determinado a implantação de 25 desses locais e 19 CAPs no prazo de um ano.

Fardo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 20% da população mundial precisará de acompanhamento em saúde mental alguma vez na vida. Na capital federal, os transtornos mais comuns são: depressão, ansiedade e esquizofrenia ; somam mais de 25% dos 50 mil atendimentos na rede pública. O vício em álcool e drogas também tem grande expressividade. Em 2015, a Secretaria de Saúde gastou R$ 5,5 milhões com a Atenção Psicossocial. Neste ano, o valor investido, até o momento, é de R$ 1,5 milhão. Em torno de 700 profissionais, entre médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, entre outros, trabalham na saúde mental da cidade.

Na antiguidade, os distúrbios da mente eram atribuídos a eventos sobrenaturais, como possessões demoníacas. Por mais que hoje a ciência compreenda os males, o preconceito ainda é forte. ;Ainda há quem defenda o isolamento desses pacientes. A internação, para algumas pessoas, é tida como a libertação de um fardo. Na verdade, a convivência social monitorada por médicos e remédios faz parte do processo terapêutico;, explica Ricardo Lins, diretor de Saúde Mental (Disam) da Secretaria de Saúde.

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