O pole sports, variação do pole dance, combina movimentos técnicos e artísticos em barras verticais. A prática não é reconhecida como esporte pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), mas movimenta campeonatos brasileiros oficiais há 8 anos e mundiais, há 4. Em novembro do ano passado, as brasilienses Tallyta Torres e Vera Lúcia garantiram um lugar na disputa internacional e, agora, concentram-se nos últimos preparativos para viajar a Londres e defender as cores do Brasil.
O caminho até a conquista da vaga na competição, que ocorrerá em 23 e 24 de julho, exigiu disciplina, força e criatividade das praticantes. Tallyta Torres, 25 anos, experimentou o exercício em 2012. Por ser artista circense, teve interesse imediato pela atividade. Após algumas pesquisas, ela conheceu o pole em dupla. Como a modalidade não existia em Brasília, Tallyta aprendeu os movimentos sem a ajuda de instrutores. ;Vi alguns vídeos na internet e chamei uma amiga para tentar realizá-los comigo. Nós trabalhávamos juntas no circo e queríamos fazer algumas apresentações inovadoras;, conta.
A experiência com modalidades aéreas e os conhecimentos de sua primeira parceira também a ajudaram a desenvolver um bom desempenho na prática. ;À época, a minha dupla era da ginástica acrobática, e eu trabalhava com aparelhos, como tecido, trapézio e lira no circo. Assim, conseguimos transferir muitos movimentos do nosso dia a dia para as barras;, relata.
Enquanto isso, Vera Lúcia, 23, trabalhava na academia. Uma colega mostrou o pole dance a ela e, algum tempo depois, a convidou para dar aulas em seu estúdio recém-inaugurado. Quando foi apresentada a Tallyta, no Centro Universitário de Brasília, Vera ainda não havia participado de competições, mas suas habilidades provenientes da experiência como cheerleader viriam a trazer um toque especial à coreografia desenvolvida para o Campeonato Brasileiro de Pole Sports.
Novos desafios
As jovens decidiram participar do torneio apenas um mês antes da realização. O empenho na elaboração de bons movimentos, os treinos diários e as noites maldormidas renderam um resultado, que, antes, parecia impossível: elas venceram a disputa e tornaram-se as únicas brasilienses a conquistar uma vaga no Campeonato Mundial de Pole Sports.
Após a classificação, os esforços foram intensificados. Agora, elas precisam desempenhar uma apresentação que se destaque entre os movimentos realizados por praticantes de todos os continentes. Além disso, a dupla enfrenta um empecilho: Vera se mudou para os Estados Unidos a trabalho; por isso, as brasilienses tiveram de criar um cronograma de treinamentos um pouco incomum. ;Terminamos a coreografia antes da viagem, mas, para praticarmos mais, a Tallyta virá pra cá ainda neste mês e eu irei a Brasília no próximo;, conta Vera.
Apesar da distância, Tallyta acrescenta que tem se dedicado bastante para desempenhar a performance mais importante de sua vida. ;Tenho meus exercícios com o circo três vezes por semana, o que me ajuda bastante na preparação, porque as valências físicas usadas são parecidas. Realizo trabalhos físicos todos os dias e, por fim, treino o pole;, comenta.
A perseverança não é em vão. A disputa mundial exige apresentações impecáveis. As coreografias, que duram 4 minutos, mostram 11 movimentos obrigatórios, além de as características que devem ser idealizadas por cada par. As ações em barras diferentes são, obrigatoriamente, sincronizadas, e as componentes da dupla necessitam, ainda, executar, juntas, atividades no poste fixo e no giratório. Movimentos de força, flexibilidade, queda e equilíbrio também são avaliados. ;O torneio é bem complicado.Lá, as coisas funcionam como na ginástica. Começamos com a nota máxima, e ela vai diminuindo, de acordo com cada erro cometido;, destaca Tallyta.
Apesar das dificuldades, as brasilienses demonstram confiança. ;Treinamos bastante e vamos dar o nosso melhor. Esperamos que tudo saia perfeito;, avalia Vera. Este será o terceiro campeonato mundial de Tallyta Torres e o primeiro de Vera Lúcia.