Foi-se o tempo em que mulheres e meninas aceitavam padrões socialmente impostos sobre seus corpos, estilos de vida ou comportamento. O movimento que incentivou o ato performático em Brasília teve início na internet, depois de uma matéria que enaltecia Marcela Temer, esposa de Michel Temer, por características historicamente exigidas ao perfil feminino: ser bonita, comportada, além de boa esposa e dona de casa. Vale lembrar que objetivo da performance coletiva não é recriminar qualquer mulher que leve o estilo de vida citado, e sim, refletir e de debater a respeito da publicação, considerada machista, lembrando que cada mulher pode, e deve, ser livre para fazer suas próprias escolhas, sem que qualquer opção seja discriminada. O ponto alto das discussões foi levantado pelo tom machista e redutivo na matéria, mostrando que a ideia é ampliar cada vez mais o debate a respeito do ideal feminino na sociedade atual.
Cerca de 60 mulheres de diferentes idades se encontraram em frente a faculdade Dulcina de Moraes para acertar os rumos da performance e partir na caminhada para o Congresso. O grupo passou pela rodoviária e já no ponto final do ato fez coro ao grito: ;Mulher do lar? Do lar, da rua e da luta;. Rita Rabelo, 52, é assessora parlamentar e fez questão de estar presente na performance para lembrar: ;Vim lutar pela liberdade de expressão, pelo amor e pela democracia;. Logo ao lado, a bióloga Luciana Rodrigues afirmava que foi ao ato para ;expressar que as mulheres têm uma luta conjunta;.
[SAIBAMAIS]
Julianna Motter, jornalista e estudante de filosofia, reafirma a importância de atos como este, que chamam a atenção para a causa. ;A matéria quis criar uma ideia de mulher ideal, como se para ser uma mulher digna ou respeitável você precisasse se enquadrar nisso. Além do teor político da matéria, que era justamente contrapor essas características as da presidenta;, afirma. Motter destaca que é importante lembrar que o movimento não é uma negação ou uma tentativa de dizer que elas não podem escolher isso ou aquilo e lembra que desde que a escolha seja pessoal, elas podem tudo. O problema é a tentativa de emplacar um modelo ideal de mulher, diminuindo todas as outras.