Referência para a carreira de muitos jovens na área do direito no Distrito Federal, Antônio Carlos Elizalde Osório morreu no início da noite de ontem, aos 88 anos. O gaúcho de Quaraí (RS) tornou-se o primeiro profissional da área de advocacia em Brasília, ainda em 1957, quando montou um escritório no Núcleo Bandeirante. Poeta e dedicado à família, foi casado com Natanry Osório, professora também pioneira da cidade, durante 57 anos e teve cinco filhos ; três deles seguiram a profissão do pai.
;Ele é uma referência técnica e ética para todos nós. Foi presidente da OAB em um período dificílimo para a atividade profissional e não mediu esforços para garantir ampla possibilidade de atuação dos advogados. Na época da ditadura, garantiu o pleno exercício da profissão;, ressaltou o advogado Francisco Caputo, ex-presidente da Ordem.
Sem medo da repressão militar, Osório assumiu a presidência do órgão entre 1969 a 1971, em uma das épocas mais duras do regime. Aliás, possuía a carteira número 007 da entidade ; não foi o 001 porque os primeiros advogados participaram de um sorteio para ver quem ficava com a primeira inscrição.
Também presidiu o Instituto dos Advogados do DF e foi integrante ativo da Associação Nacional de Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Escreveu, pelo menos, 12 livros, entre eles, Brasília ; diálogo com o futuro (1976); O desafio do branco (1982); Arquivo morto (1996); Os degraus do tempo (2002); e A roda da fortuna (2004).
Já com a saúde debilitada, Antônio Osório acabou internado em um hospital do Lago Sul na segunda-feira. Passou cinco dias na unidade de saúde até que ontem, não resistiu a uma falência múltipla dos órgãos. O velório e a missa de corpo presente serão feitos hoje, às 17h, na casa da família.