O combate à corrupção e o desejo de um país melhor ganharam vozes na direita e na esquerda. A manifestação como ato de democracia reúne brasileiros com um único desejo: ir às ruas, independentemente da ideologia que carregam. Em mais um episódio histórico na política, a Esplanada dos Ministérios será palco da diversidade e da cidadania. Ao longo da semana, Brasília se preparou, se ajustou e se adequou para receber 300 mil pessoas hoje. O ritmo da cidade e das pessoas mudou para assistir à votação. Gramados e estacionamentos se tornaram alojamento improvisado daqueles que chegaram à capital sem ter onde dormir. O trânsito no centro da cidade foi alterado. Quem trabalha nos ministérios teve que mudar a rotina.
E quem esteve nas ruas entre sexta-feira e hoje se aprontou para a liberdade de expressão. Crianças, jovens, adultos, idosos, famílias, casais e amigos se organizam como podem: fazem cartazes, encomendam faixas, compram bandeiras e preparam os gritos de ordem. A motivação: escancarar o apoio ao governo ou a vontade de mudança na gestão pública que, para muitos, pode ajudar a reerguer o país. O servidor público Fernando Gomide, 54 anos, e a filha Fernanda Gomide, 17, estarão juntos nos protestos. Favoráveis ao processo de impeachment, a jovem estudante criou uma bomba de gasolina em forma de papelão em alusão ao escândalo da Petrobras. O pai também encomendou faixas para a manifestação, além de separar a caixa de som para ampliar as marchinhas.
;Eu tenho uma luta na família há 17 anos em prol do tratamento digno de saúde, e o que nós vemos é um momento de completo descaso com a saúde pública. Isso é revoltante para todos nós que temos um parente doente em casa. O motivo que me leva à Esplanada é porque eu não acredito mais nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Só confio no poder das investigações do Ministério Público e da Polícia Federal;, ressaltou o morador da Asa Norte.
A universitária tem fibrose cística desde que nasceu. A doença é genética e afeta pulmão, intestino, pâncreas e fígado. No caso de Fernanda, a patologia atinge os dois primeiros órgãos. Há 16 anos, o pai é o presidente da Associação Brasiliense de Amparo ao Fibrocístico. Mas o diagnóstico nunca foi limitação para a estudante da Universidade de Brasília (UnB), que acompanha a família em todos os protestos. Para ela, apesar da participação do público jovem, a adesão ainda é pequena. ;Deveria ter muito mais, porque somos nós o futuro da nação. É muito triste ver o país regredindo e a corrupção na saúde, educação e segurança pública;, reforçou.
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