Jornal Correio Braziliense

Cidades

Porteiro da UnB aprendeu a fazer esculturas após observar professor fazendo

Odilon da Silva conta como, após dois meses trabalhando no Instituto de Artes da UnB, começou fazer esculturas observando a forma como um professor entalhava as suas peças


Há sete anos, Odilon da Silva trabalha como porteiro no Instituto de Artes (IDA) da Universidade de Brasília (UnB). E foi por meio da observação que ele aprendeu a fazer esculturas depois de dois meses de serviço. Um professor que confeccionava algumas obras foi inspiração para o gaúcho de 53 anos. Sem pedir ajuda e nenhum embasamento teórico ou prático, saiu o primeiro resultado. ;A primeira obra minha saiu perfeita, mostrei para o professor e ele gostou muito. Até perguntou quem tinha me ensinado e eu disse:;Não, Vaprendi com o senhor fazendo aí;, conta.

Com cerca de 100 esculturas feitas até hoje, segundo suas contas, Odilon usa materiais simples. Nada é comprado, tudo é achado na rua ou no lixo. Um pedaço de ferro, um vergalhão que sobrou de alguma obra, um tronco de árvore jogado ou qualquer coisa que ele considere aproveitável. ;O pessoal aqui compra seu material, eu não. Procuro pegar o que é encontrado;, acrescenta. Para a finalização, utiliza apenas lixa e nenhum equipamento elétrico.

A atividade se tornou uma diversão para o porteiro. As peças produzidas são feitas sem pretensão alguma de ser reconhecido artisticamente. Ele afirma que as esculturas resultam somente de sua vontade. Não há quantidade definida nem prazo para a finalização. Às vezes, dou uma parada, aí retomo de novo, porque eu faço na hora que quero. As vezes, demoro um mês, às vezes demoro mais;, diz. Segundo ele, todos os familiares tem alguma produção na estante de casa, mas nunca vendeu nenhuma.

Paciência. Esse é o segredo que Odilon usou para poder apender a esculpir as obras e também é a dica que ele dá para quem quer começar. A perfeição também faz parte de cada produção para a satisfação final. ;A pessoa que resolver mexer com arte tem que ter muita calma para poder fazer, senão não consegue terminar corretamente;, declara. Há quem diga que ele possui o dom da arte, por ter aprendido com tanta rapidez. Ele não sabe se acredita nisso. ;Eu só pego os troncos de árvores, por exemplo, vou esculpindo devagar e vai saindo umas obras;.

O gosto pela arte ainda não tem origem certa. ;Talvez eu já gostasse, não sei. Talvez era só vontade que tinha de fazer, curiosidade também de ver o professor fazer a arte dele;, conta. Para confeccionar suas peças, Odilon aproveita os fins de semana, mas, de vez em quando, arruma um tempinho nos dias em que trabalha. ;Quando aqui está bem tranquilo, eu faço algumas esculturas. Não dá para fazer sempre, porque aqui tem aula e eu não posso fazer barulho; comenta.

;Eu faço por fazer, porque trabalho aqui e observo;, ressalta. ;Você acaba aprendendo e vai descobrindo que tem várias coisas para você fazer, muito mais do que pensa;.

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