Os usuários do serviço Uber devem ficar atentos hoje. Motoristas de todo o país prometem cruzar os braços por 24 horas. A partir das 5h, eles ficarão off-line, em protesto pelo realinhamento dos preços das corridas. Somente em Brasília, parceiros da empresa estimam adesão de quase 1,8 mil condutores ; cerca de 90% do total de veículos cadastrados, segundo cálculos dos próprios trabalhadores. Isso significa que, com menos carros disponíveis, quem usar o aplicativo poderá pagar o chamado preço dinâmico ; tarifa aplicada em momentos em que a demanda pelo serviço supera a oferta de automóveis.
A redução dos preços está em vigor desde o fim de novembro, quando o Uber propôs a medida como mudança de estratégia dos negócios. Em média, os valores caíram 15% no país. No DF, o encolhimento é calculado em 22%. A empresa alega que, com a decisão, os motoristas parceiros fazem mais viagens e continuam ganhando tanto quanto antes. ;Sabemos que há casos em que parceiros estão tendo rendimentos iguais ou maiores do que antigamente. A hora acaba sendo mais bem trabalhada;, argumenta um analista da empresa.
O aumento da demanda é inegável, segundo atestam os próprios trabalhadores. No atual cenário de recessão, o encolhimento dos preços foi bem-aceito pelos consumidores. Para os motoristas, no entanto, o que tem se observado são perdas, e não ganhos. ;Antes da redução dos preços, estava ganhando cerca de R$ 20 por hora. Hoje, esse valor mal chega a R$ 10. Tenho feito mais corridas, mas todas muito curtas, que não garantem mais o mesmo lucro;, afirma um dos articuladores do protesto.
A paralisação está sendo organizada em grupos de WhatsApp por cerca de 30 administradores, que prometem um protesto pacífico. ;Não faremos carreata, fechamento de vias, nada. Só não atenderemos as chamadas pelo serviço de transporte;, diz um condutor. Os motoristas ficarão concentrados no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, a partir do meio-dia. A intenção é avaliar com os participantes os impactos da manifestação.
;O aumento da demanda intensificou a insatisfação dos taxistas com a nossa categoria. E pior: provocou um racha entre os próprios parceiros. Motoristas da categoria UberX estão abocanhando mais consumidores, e isso tem gerado um desconforto com os que prestam o serviço para o UberBlack;, afirma um associado. ;Ninguém quer o mal do Uber. É uma empresa que tem garantido o nosso sustento. Queremos apenas abrir um diálogo com os executivos e chegarmos a um meio-termo, nem que seja realinhar os preços a níveis próximos ao que era antes;, defende o motorista Luiz Carvalho, 44 anos.