Adotar um animal é um ato de doação e amor. Escolher um pet com algum tipo de deficiência é uma decisão que supera esse sentimento, além de exigir dos donos muita disposição. Mas, essa foi a motivação de uma família de Brasília ao adotar o cãozinho Henry. O animal passou por muitas dificuldades desde o nascimento: perdeu o órgão genital e foi abandonado pelo dono.
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Depois de ser rejeitado, foi resgatado por uma veterinária e colocado em uma feira para pets. E foi lá que conheceu sua mais nova família. Dona Ália Mendonça, de 74 anos, foi em busca de um cachorro para o neto Victor Mendonça, que pedia insistentemente por um irmão. ;O melhor amigo teve um irmãozinho, por isso ele também queria um. Aí vimos em um cachorro uma companhia que ele precisava;, explica Benjamin Mendonça, tenente da Aeronáutica e pai de Victor.
A intenção era comprar um cão de raça pequeno, mas Henry era o único que não se assustava com as brincadeiras do garoto Victor. ;Os cachorros menores são mais tranquilos para cuidar em um apartamento, mas o filhote vira-lata latia muito e então não tivemos dúvidas: era ele que queríamos levar para casa;, conta Benjamim. A surpresa foi na hora de pagar pelo cão. ;Minha mãe e minha irmã perguntaram quanto custava o animal, mas ele estava para adoção, pois era sem raça e deficiente;, lembra. ;A minha mãe ficou preocupada, mas a deficiência não foi empecilho.;
Henry teve o órgão genital comido pela mãe assim que nasceu e isso fez com que ele precisasse de uma cirurgia plástica reparadora do canal uretral. De acordo com o veterinário Arthur Almeida, quando o filhote nasce a mãe tem o instinto de lambê-lo para estimular o sistema intestinal e, no caso de Henry, ela acabou danificando o órgão genital. "Instintivamente, o animal pode comer a placenta, que é separada para cada filhote de cachorro", explica.
Além de todos os cuidados desde o nascimento, o cão também sofre de hipotireoidismo e toma duas cápsulas de hormônio, de 12 em 12 horas. ;Logo após as primeiras semanas tomando o medicamento, ele voltou a ser o bom e velho Henry de sempre, pois antes do tratamento estava cansado e indisposto;, conta Benjamin. Apesar da exigência de cuidados diários, Henry é mais um membro da família, tratado com muito amor. ;É considerado meu segundo filho, um irmão para Victor e um neto para meus pais;, completa. Henry exige dedicação em tempo integral. Durante o dia, está com dona Ália, na Asa Sul, e à noite, dorme na casa da Benjamin, no Lago Norte.
Cuidados na adoção
Adotar um bichinho com algum tipo de deficiência requer cuidados especiais. Segundo a veterinária Gisele Agustinho de Oliveira, da Associação Mato com Cachorro, o futuro dono deve ter certeza do diagnóstico do animal e preparar o ambiente de acordo com a necessidade dele. ;Precisa, ainda, de tempo e manejo para ofertar o máximo de qualidade de vida possível para o animal;, diz.
Segundo o presidente da Mato com Cachorro, Rodrigo de Brito Tótoli, estima-se que a cada 100 cães em situação de rua, 10 são adotados. ;O que move todos os envolvidos nesta causa é a compaixão em ver um animal encontrar alguém que se importe com ele, já que ele poderia se rejeitado.;