Jornal Correio Braziliense

Cidades

Vítima de feminicídio já tinha acionado a Justiça pedindo proteção

A irmã da vítima, Jane Fonda Fernandes Cunha, disse que a família sugeriu que a estudante mudasse de endereço



O assassinato da estudante do terceiro semestre de gestão pública Jane Carla Fernandes Cunha, 20 anos, expôs a fragilidade de um sistema que deveria acolher mulheres intimidadas por ex-maridos e companheiros. Antes de ser morta por Jhonata Pereira Alves, 23, na casa dos pais dela, em Samambaia Sul, a vítima havia sido agredida por ele. O casal viveu um relacionamento de seis anos.

[SAIBAMAIS]Jane Carla trabalhava como secretária em um escritório de advocacia. O patrão dela, o advogado Gustavo Melo, 35, orientou a funcionária a procurar a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), após ela mencionar que as intimidações de Jhonata se tornaram frequentes. Para ele, a Justiça falhou em não pedir a prisão do agressor. A jovem seguiu o conselho e denunciou o ex-companheiro, enquadrado na Lei Maria da Penha.

Mesmo assim, a irmã da vítima, Jane Fonda Fernandes Cunha, 25 anos, disse que a família sugeriu que a estudante mudasse de endereço ; ela morava com os pais, na QR 507. ;Mas ela disse que não sairia daqui por causa dele. Os meus pais, por serem católicos, também acreditavam que ele pudesse respeitar a decisão sobre o fim do namoro;, afirmou.



No início da tarde de sábado, por volta das 13h, no entanto, Jhonata se dispôs a cumprir o que prometeu na última briga do casal, em Pirenópolis, há cerca de um mês. Armado, deixou a casa do pai, a poucos metros dali, e entrou na residência da ex-companheira. Antes de passar pelo portão, mostrou o revólver a um primo de Jane Carla, de 12 anos. A vítima estava no banho. Mal teve tempo de reagir. ;Quando ela abriu a porta do banheiro, ele deu dois tiros e se matou em seguida. Foi muita covardia;, descreveu, emocionada, a irmã.

;Meu tesouro;
Jane Carla, que completaria 21 anos amanhã, será enterrada hoje, às 11h, no Cemitério de Taguatinga. Ela levava uma vida dedicada entre a faculdade e o trabalho. Descrita como uma menina amorosa e de comportamento exemplar, a filha de Francisca Bethânia Almeida Fernandes, 43, e Olessio da Cruz Cunha, 54, aproveitava os fins de semana para estudar. A aluna do UniCeub enxergava nos livros a oportunidade de ter uma vida profissional estável.