postado em 13/03/2016 07:03
Ah, véi, foi mal. Até peguei uma zebrinha pro Gilberto, mas atrasei porque deu tudo errado. Teve uma treta cabulosa no Eixão e a galera foi parar no Hran. Entendeu a frase toda? Então, você é um brasiliense genuíno. No extenso vocabulário da capital, há espaço de sobra para os ;uais;, dos goianos; os ;oxentes; dos baianos, e os ;égua;, dos pernambucanos. Mas, ainda assim, o dicionário de Brasília tem personalidade de sobra. Dizem que aqui não tem esquina ou sotaque, e sabemos que a gastronomia deixa a desejar. Talvez o único prato típico daqui seja a bomba ; leia Glossário. Embora a quantidade de expressões usadas no DF seja imensa, segundo a professora de Linguística da Universidade de Brasília, (UnB) Ana Maria de Moraes Vellasco, elas não podem ser consideradas verbetes. ;Não podemos usar termos acadêmicos de maneira equivocada. Verbete é uma coisa que tem o significado explicado no dicionário. O que temos aqui são expressões, e, muitos delas, se tornaram marcadores conversacionais;, explicou a autora do capítulo sobre a linguagem do DF no livro O Falar Candango.
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[SAIBAMAIS]De acordo com ela, muitos desses marcadores foram desenvolvidos com o planejamento da cidade:;Certas coisas ganharam nomes diferentes aqui, como as prumadas, os blocos. São coisas que já existem, mas, aqui, as chamamos de outro jeito;. Para Ana Maria, existem ainda as influências da juventude, como as expressões ;véi; e ;cabuloso;. ;Fiz um estudo sobre a linguagem da juventude brasiliense, que foi publicado na Alemanha. Acredito que grande parte do que é dito entre eles tem potencial para se arraigar no nosso linguajar;, afirmou.O brasiliense mistura sotaques e palavras. Conforme explicou a professora, ele uniu o dialeto mineiro ao goiano e colocou nuances nordestinas.
Essa combinação inspirou coleções de roupas produzidas por boutiques da cidade. Proprietária de uma delas, a empresária Tatiana Dunice usou referências da capital para estampar as roupas vendidas em sua loja. ;Colocamos coisas simples, mas as pessoas se identificam com isso e com a cidade. Afinal, temos um estilo diferente;, disse.O DF reúne tantas palavras, e elas estão tão arraigadas, que até se tornaram tema de livro. O poeta Nicolas Behr publicou o BrasíliA-Z, após perceber a riqueza da linguagem tipicamente brasiliense.