Jornal Correio Braziliense

Cidades

GDF é suspeito de desperdiçar R$ 75 milhões em materiais cirúrgicos

O levantamento também indica a suspeita de graves fraudes, compras sem planejamento, justificativa ou necessidade

Uma auditoria de regularidade promovida pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) identificou indícios de fraudes nas licitações de obtenção, armazenamento e distribuição de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) pela Secretaria de Estado de Saúde do DF. Os auditores da Corte fiscalizaram cinco hospitais públicos de Brasília ; o de Base e os regionais do Gama, Ceilândia, Sobradinho e Paranoá ; e apontaram irregularidades que somam um prejuízo estimado de R$ 75 milhões.
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O tribunal encaminhou ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e ao Conselho Administrativo da Defesa Econômica (Cade) um pedido de investigação de crime de improbidade administrativa e conluio de empresas, além da apuração da gestão entre os anos de 2013 e 2015, período analisado e das empresas envolvidas (Boston Scientific do Brasil, Biotronik, Comercial Médica, e St. Jude Medical Brasil).

O levantamento também indica a suspeita de graves fraudes, compras sem planejamento, justificativa ou necessidade. Segundo o presidente do TCDF, o conselheiro Renato Rainha, a compra exagerada de uma pinça hospitalar do tipo cândula gerou um estoque desnecessário que poderá ser usado até 2059.

Além disso, segundo o presidente a compra de uma prótese de quadril foi elaborada com base em uma ata vinda do Rio de Janeiro. ;Os médicos disseram que as próteses eram difíceis de utilizar e podem inclusive quebrar dentro dos pacientes;, completou. Algumas das próteses e órteses compradas na licitação chegam a custar até R$ 60.000,00.

Outro problema levantado pela auditoria se referte ao armazenamento dos materiais. No Hospital Regional do Paranoá, foram encontrados parafusos e arruelas de titânio jogados pelo chão próximo à um ralo. Em nova visita feita após a divulgação da auditoria, os produtos foram estocados em um armário.

Ainda segundo a auditoria, o estoque registrado no sistema Trackcare de rastreamento, não corresponde ao estoque real nas farmácias dos hospitais. Além, disso não há como fiscalizar o destino das próteses compradas. Os materiais recebem um número de registro e são encaminhadas às farmácias, depois disso, a última identificação é feita no programa quando o material é encaminhado à sala de cirurgia. Isso dificulta o controle do dinheiro público investido.

Para o presidente do tribunal o resultado da auditoria é o espelho da ineficiência das gestões no período investigado. As licitações foram feitas durante o a gestão do ex-governador Agnelo Queiroz e executadas até março de 2015, já na gestão do governador Rodrigo Rollemberg.

Com informações Agatha Gonzaga.