postado em 08/03/2016 06:00
Quando acordou ontem, o pensamento que ficou na cabeça da caloura de engenharias Beatriz Moreira Alves, 18 anos, foi: ;Não preciso usar uniforme.; Em seu primeiro dia de aula na Universidade de Brasília (UnB), ela já conseguia traçar as diferenças entre a vida universitária e aquela que levava durante o ensino médio. ;Onde eu estudava, tudo vinha muito fácil. A UnB é um pouco assustadora porque representa uma vida nova e você quem tem de ir atrás do que precisa.;
A jovem faz parte de um grupo de quatro mil novos alunos que vão sentar nas cadeiras de uma instituição que, em dezembro do ano passado, tirou nota máxima na avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Foi a primeira vez que a federal atingiu a nota 5, resultado máximo no Índice Geral de Cursos (IGC) do Inep. ;Dá orgulho saber que passei na UnB. Ainda mais eu, que sou a primeira da família a entrar em uma faculdade. É gratificante quando ouço minha mãe dizendo para as pessoas que estou aqui;, ressalta a caloura de ciências políticas Thaís Cardoso, 17 anos.
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[SAIBAMAIS]A empolgação é necessária, principalmente com o cenário nada promissor que o centro de ensino deve enfrentar em 2016. O ano letivo começou, novamente, em deficit: o orçamento será R$ 18,6 milhões menor do que a UnB gasta para manutenção da sua estrutura. Ainda assim, a intenção é fazer com que o corpo discente tenha participação em todas as áreas da instituição. ;O que a gente observa é que, em cada semestre, temos alunos mais interessados no que a UnB tem a propor, engajados em projetos fora da sala de aula, querendo contribuir e sendo parte ativa da universidade; afirma Victor Aguiar, que faz parte da tríade que coordena o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães.
Momento político
Professora do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento (PED) do Instituto de Psicologia da UnB, Mônica Neves Pereira explica que, além da animação trazida pelo novo momento, os calouros devem entender o momento econômico e político vivido pelo país para criar uma interpretação de como isso vai impactar a formação deles. ;A frustração também é importante ao lidar com as incoerências que o ensino público traz. É normal que eles se decepcionem em alguns aspectos, mas a universidade deve proporcionar um choque de realidade para que eles se percebam cidadãos.;
Claro, isso não deve acontecer no primeiro dia de aula. Mesmo que tenha em mente as incongruências que essa nova fase da sua vida vai trazer, o estudante de economia Marcos Paulo Rodrigues Correia, 17 anos, só quer agora comemorar o início da sua vida universitária. Ele foi convocado na terceira chamada e já estava em um cursinho quando soube que iria para a UnB. ;Estou vendo que é uma realidade totalmente diferente da que eu vivia. Sinto uma dificuldade de adaptação ao ver que posso ter uma interação efetiva com o professor, questionar os assuntos em sala de aula, com uma formação diferente. Mas isso é muito bom e vai ajudar na minha formação.;
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