O índice de recuperação nas aulas de história preocupava o Centro de Educação Nery Lacerda (Cenel), em Sobradinho. A disciplina perdia apenas para matemática entre as que mais reprovavam estudantes a cada bimestre. Depois de diversas mudanças e adaptações, a escola conseguiu reduzir esse percentual com sucesso em quase todas as turmas, com exceção das de 6; e 7; ano do ensino fundamental. A solução encontrada veio de uma sugestão dos próprios alunos: por que não aprender história usando o jogo?
[SAIBAMAIS]O professor da disciplina, Jefferson Alexandre Prado, 37 anos, confessa que, num primeiro momento, não via como o jogo poderia fazer parte das aulas. ;Eu conhecia muito pouco do jogo. Nós achamos que não ia dar certo e nossa primeira resposta foi não;, conta. Eram muitas as variáveis que poderiam levar a iniciativa ao fracasso: os estudantes perderem o foco nas aulas e se concentrarem apenas no jogo; o fato de que a escola só pode usar programas com licença, o que encareceria a atividade; o pouco tempo que sobraria para que o docente passasse o conteúdo programado para o ano letivo.
Leia mais notícias em Cidades
Todos esses obstáculos, no entanto, foram sanados com a ajuda dos estudantes, que foram os principais incentivadores da ideia que eles mesmos tiveram. Durante as férias do meio do ano passado, Jefferson conta que recebia várias mensagens por redes sociais de alunos que apresentavam possíveis soluções para cada entrave apresentado pelo professor ou pela escola e, dessa forma, a instituição pôde desenvolver estratégias que tornaram viável a atividade. ;A minha função foi transformar a parte pedagógica, mas a construção do projeto foi deles;, orgulha-se Jefferson.
;Eu achei interessante, porque, em história, você tem que decorar datas, é muito difícil estudar. Fazer um jogo de que todo mundo gosta é muito interessante;, relata Pedro Vinícius Viveiros, 13 anos, hoje no 8; ano. A colega dele, Maria Eduarda Cardoso, 12, ressalta ainda que o projeto contribui para desenvolver responsabilidade. Com a ajuda do professor e da coordenação pedagógica, a turma começou a construir o projeto, antes mesmo de começar a agrupar os blocos do Minecraft. A lousa digital que a escola já tinha foi usada como tela para o jogo. Dessa forma, toda a turma poderia jogar com apenas uma licença do game e, o melhor, de forma colaborativa. Os estudantes eram divididos em quatro funções: o líder, para coordenar a atividade; o media, que filmava e fotografava tudo; o projetista, responsável por desenhar a edificação; e o operador do controle, que colocava a ideia do projetista em prática.
Organização
Das três aulas semanais da disciplina, duas eram teóricas e uma, prática. Como o conteúdo é extenso, Jefferson combinou com os alunos que eles precisariam prestar muita atenção e participar da parte teórica, pois ou correriam o risco de comprometer o tempo destinado ao jogo. O resultado foi surpreendente. ;É uma forma muito boa de a gente, além de prestar mais atenção e aprender de forma dinâmica, saber se relacionar com os outros alunos para dar tudo certo dentro do grupo;, avalia Geovanna Ferreira, 12 anos, hoje no 8; ano. ;Mostra aos alunos como ter disciplina e a ensinar uns aos outros;, complementa Amanda Carvalho, 11, do 7; ano.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.