<p class="texto"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2016/01/29/515709/20160129001604256159e.JPG" alt="Secretaria de Direitos Humanos diz que, atualmente, há quatro pessoas desse grupo empregadas no GDF" /> </p><p class="texto"> </p><p class="texto">Travestis e transexuais não têm acesso ao mercado de trabalho no DF. Essa é a opinião de homens e mulheres que não se identificam com o próprio sexo biológico e procuram oportunidades. No Dia da Visibilidade Trans, comemorado nesta sexta-feira, elas atentam para o problema, que coloca esse grupo às margens da sociedade. ;Basta fazer um resgate mental: quantas pessoas trans você já viu trabalhando numa padaria, balcão de farmácia ou no mesmo lugar que você?;, questiona Ludymilla Santiago, 33. Ela é uma das fundadoras da Associação Brasiliense de Suporte a Mulheres Transexuais e Travestis do Distrito Federal e Entorno (AnavTrans).<br /><br />Segundo Ludymilla, o GDF não possui políticas públicas de inclusão desse grupo no mercado, que acaba se submetendo à prostituição, ao mercado informal e ao subemprego. ;Essas pessoas são rejeitadas 24 horas por dia. Não há um sistema de cotas ou algo do tipo que obrigue as empresas a contratá-las. Quando conseguem uma vaga, é em uma salinha no fundo de um escritório, para que não causem nenhum constrangimento;, afirma. A fundadora do AnavTrans cita o Centro de Referência Especializado de Assistência Social da Diversidade (Creas Diversidade), na Asa Sul, como tentativa válida, porém insuficiente, pois a transexualidade divide atenção com questões ligadas a raça e religião. ;Precisamos trabalhar cada grupo de forma específica, senão ninguém é contemplado;, diz.<br /><br />A transgeneridade marcou a vida profissional de Marcelo Caetano, 26 anos, com uma série de renúncias. O assessor da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Igualdade Racial e Direitos Humanos conta que teve dificuldades para se inserir no mercado, quando estava no começo do processo de transição, porque as empresas só aceitavam utilizar, no ambiente de trabalho, o nome feminino que constava nos documentos. ;Fiz entrevistas em lugares onde fui avisado de que a empresa não aceitaria usar meu nome social. Mesmo precisando do dinheiro, não aceitava as propostas. Não faz o menor sentido eu, que hoje sou um homem de barba, usar um crachá com nome feminino. Seria uma situação constrangedora para mim e para os colegas de trabalho;, explica.<br /><br />Para Marcelo, o preconceito se reflete também no tratamento dos empregadores, que, muitas vezes, se recusam a contratar transexuais e travestis não por incapacidade ou qualificação, mas baseados na aparência. ;Um grande problema é a falta de informação. Já vi empregadores tratarem a transgeneridade como doença. A burocracia é o motivo que eles usam para justificar as rejeições de trabalho e também uma barreira institucional para o acesso de pessoas trans a serviços básicos.; Ele afirma que, atualmente, é mais fácil para pessoas trans ocuparem cargos no GDF, mas não há avanços no meio privado. ;Hoje, é possível usar o nome social para se inscrever no Enem e utilizar o cartão do SUS, por exemplo, mas não é disso que eu preciso para arrumar um emprego. É preciso uma empresa que tenha uma política de uso do nome social. Não conheço nenhuma instituição privada que adote essa política;, afirma.<br /><br />Lucci Laporta, 23, mulher transexual, militante e estudante de Serviço Social da Universidade de Brasília, afirma que a falta de acesso à educação básica é o primeiro sintoma que gera escassez de oportunidades no futuro. ;Para pessoas trans, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho começa bem antes do momento de procurar emprego e distribuir currículo. São pessoas que não conseguem se manter nem na educação básica, porque as escolas são muito permeadas por transfobia, e sofrem violência em casa também. Por causa disso, elas não têm acesso à educação superior ou ao concurso público, por exemplo.; Dados de 2013 da Agência Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) apontam que cerca de 90% dos transexuais e travestis no Brasil recorrem à prostituição por falta de outras opções de trabalho.<br /><br />A carência de atenção governamental é um problema que Lucci destaca, além da necessidade um sistema de educação básica que discuta gênero e sexualidade. ;Infelizmente, no Brasil, quando se fala a palavra travesti, se pensa em prostituição e não em identidade de gênero, sendo que a maioria dessas pessoas só entra nessa profissão por falta de oportunidade. Moro na Asa Norte, estudo na UnB e reconheço que sou uma pessoa trans muito privilegiada.;<br /><br /><strong>No papel</strong><br />O coordenador de diversidade da Secretaria de Direitos Humanos, Flávio Brébis, afirma que o planejamento estratégico da pasta tem uma visão voltada para a autonomia econômica e que o órgão aguarda o início de processos licitatórios para começar as ações. Uso do nome social em todos os órgãos do GDF, cartilhas informativas às empresas e parcerias para formação e profissionalização de pessoas trans são algumas das políticas que o coordenador afirma que serão implementadas. ;A intenção é ter uma agência específica para capacitar pessoas trans. Queremos também estimular o empreendedorismo, para que elas possam se desenvolver por conta própria e até se encaixar melhor em alguma área;, prevê.<br /><br />A secretaria não tem dados relacionados à ocupação de vagas no mercado por transexuais, mas Brébis declara que o GDF emprega, atualmente, quatro pessoas desse grupo em secretarias diversas.<br /><br /><strong>Transempregos </strong><br />Em 2013, a advogada paulista Márcia Rocha e outros dois ativistas criaram o site Transempregos (transempregos.com.br) para transexuais e travestis cadastrarem currículos e concorrerem a vagas de emprego oferecidas por empresas também cadastradas. Hoje, são 760 currículos do Brasil inteiro, a maioria da cidade de São Paulo. Márcia e os outros fundadores da página não têm controle das contratações e entrevistas marcadas por intermédio do portal, mas conta que recebe mensagens de agradecimento de pessoas que conseguem ocupar uma vaga. ;Hoje mesmo, recebi ligação de um trans homem que disse ter conseguido o emprego dos sonhos dele. Pelo menos 50 pessoas foram contratadas em 2015 e a esperança é de empregar mais de 100 este ano;, diz Márcia.<br /><br />Priscila Pequim, de São Paulo, cadastrou o currículo no Transempregos e foi chamada para entrevista em restaurante da cidade na tarde de ontem. ;Fui superbem tratada. A minha figura não causou surpresa justamente pelo fato de terem me encontrado pelo site. Acho importante incentivar outras empresas a procurarem o portal também. É uma forma de começar a resolver esse problema. Infelizmente, por conta do preconceito, a travesti está relacionada à prostituição, mas precisamos mostrar nossas competências, não servimos só para isso e subempregos;, declara.</p><p class="texto"> </p><p class="texto">A matéria completa está disponível<a href="http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/saude/2016/01/26/interna_saude,195522/as-maiores-ameacas-as-criancas.shtml"> </a><a href="#h2href:eyJ0aXR1bG8iOiJFeHRlcm5vOiBodHRwOi8vaW1wcmVzc28uY29ycmVpb3dlYi5jb20uYnIvYXBwL25vdGljaWEvY2FkZXJub3MvY2lkYWRlcy8yMDE2LzAxLzI5L2ludGVybmFfY2lkYWRlcywxOTU4ODMvc2VtLXRlci1vLXF1ZS1jb21lbW9yYXIuc2h0bWwiLCJsaW5rIjoiaHR0cDovL2ltcHJlc3NvLmNvcnJlaW93ZWIuY29tLmJyL2FwcC9ub3RpY2lhL2NhZGVybm9zL2NpZGFkZXMvMjAxNi8wMS8yOS9pbnRlcm5hX2NpZGFkZXMsMTk1ODgzL3NlbS10ZXItby1xdWUtY29tZW1vcmFyLnNodG1sIiwicGFnaW5hIjoiIiwiaWRfc2l0ZSI6IiIsIm1vZHVsbyI6eyJzY2hlbWEiOiIiLCJpZF9wayI6IiIsImljb24iOiIiLCJpZF9zaXRlIjoiIiwiaWRfdHJlZWFwcCI6IiIsInRpdHVsbyI6IiIsImlkX3NpdGVfb3JpZ2VtIjoiIiwiaWRfdHJlZV9vcmlnZW0iOiIifSwicnNzIjp7InNjaGVtYSI6IiIsImlkX3NpdGUiOiIifSwib3Bjb2VzIjp7ImFicmlyIjoiX3NlbGYiLCJsYXJndXJhIjoiIiwiYWx0dXJhIjoiIiwiY2VudGVyIjoiIiwic2Nyb2xsIjoiIiwib3JpZ2VtIjoiIn19">aqui,</a> para assinantes. 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