Jornal Correio Braziliense

Cidades

Estacionamentos privados estão 25% mais caro no DF

Quem deixa o veículo em locais oferecidos por estabelecimentos privados gasta cada vez mais pelo serviço. Apesar do protesto dos motoristas, governo e órgãos de defesa do consumidor nada podem fazer porque se trata de um mercado livre


Além dos gastos exorbitantes com o valor da gasolina comum, que beira R$ 4 o litro, andar de carro em Brasília e usar uma vaga em estacionamento privado está cada vez mais caro. Levantamento feito pelo Correio nos shoppings centers e no Setor Hospitalar Sul mostra que os reajustes, ao longo do ano passado, chegaram a 25%, considerando a permanência de 1h em alguns estabelecimentos e o índice de inflação de 10,67%. Como o mercado é livre, os preços não podem ser controlados. Cabe aos motoristas decidirem se pagam até R$ 12 a hora para parar o veículo nesses locais.

Nem governo, nem órgãos de defesa do consumidor podem intervir nos valores. Por se tratar de uma relação de consumo, as empresas ajustam as tabelas como querem. As vagas públicas da capital do país são disputadas por motoristas, como a recepcionista Talyane Moreira, 26 anos. ;Recentemente, paguei R$ 20 por quase 2h em um estacionamento. Os preços são absurdos;, reclama. Diante disso, ela prefere parar o carro fora dos estabelecimentos comerciais. ;Dentro do estacionamento privado, existe uma certa segurança, mas, diante dos custos, eu busco parar na área externa. Apenas me atento se o local é movimentado;, completa.

O problema é que, diante da dificuldade de encontrar vagas públicas, em muitos casos não sobra alternativa. A psicóloga Roberta Pires Ferreira, 33, gastou R$ 40 para manter o carro por cerca de 2h30 em um centro comercial. ;Está tudo caro. Uso pela segurança e conforto. Se não fosse tão arriscado parar em alguns locais, nem entraria nos estacionamentos privados;, comenta. Os shoppings da zona central de Brasília cobram desde R$ 0,10, o minuto, a R$ 0,13. No Setor Hospitalar Sul, não é diferente. Por lá, se encontra vagas com valores do minuto entre R$ 0,10 e R$ 0,20. ;Não temos alternativas. Os mais baratos ficam cheios;, queixa-se Carlos Avelar, 52. O militar permaneceu 1h e teve de desembolsar R$ 21.

Lei derrubada

Não há um sindicato das empresas que administram estacionamentos no DF. Os empresários do setor são representados por uma comissão. Segundo um dos representantes dela, Jader Rodrigues, os valores se baseiam nos custos fixos dos estabelecimentos. ;Isso envolve questões contratuais e gastos com aluguel, apólice de seguros, IPTU, entre outros.;

O presidente do Sindicato dos Empregados em Estacionamentos e Garagens do DF (Seeg-DF), Raimundo Domingos, rebate o argumento. ;Eles estão colocando todo esse lucro no bolso deles. Aplicam reajustes para enriquecer ainda mais às custas dos funcionários;, diz. No ano passado, a categoria reivindicou 15% de aumento, mas conseguiu 9,6%, com piso salarial de R$ 942,50. Segundo Raimundo, todos os anos, ocorrem reajustes aos consumidores que chegam a 40%.

Em 2011, a Câmara Legislativa tentou diminuir os custos para os clientes, com a Lei Distrital n; 4.624. A norma estabeleceu critérios para isentar consumidores da cobrança pelo uso de estacionamentos particulares em centros comerciais. Segundo a legislação, passaria a ser gratuita a permanência do veículo por até 1h em shoppings e hipermercados. Após esse período, clientes que comprovassem gasto duas vezes superior ao valor da garagem ficariam dispensados do pagamento. Porém, em agosto daquele ano, centros comerciais conseguiram liminares garantindo a restituição da cobrança pelo uso das vagas. A proposta acabou derrubada pela Justiça.

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