Há 11 anos, Adaiane Matos Ferreira Ramos, 34, está familiarizada com a microcefalia. Moradora de Ceilândia, ela se dedica a cuidar dos seis filhos ; dois com o diagnóstico da doença que tomou conta das manchetes dos jornais nos últimos meses. Mateus, 11, e João Paulo, 4, nasceram com a circunferência do crânio menor do que 32 centímetros, em 2004 e 2011, respectivamente. O mais velho, vítima de malformação fetal, veio ao mundo aos seis meses de uma gestação complicada, com apenas 650 gramas. Devido a uma mutação genética, após uma gravidez tranquila, o outro menino teve o mesmo veredito.
O barulho das crianças é percebido desde o portão do sobrado. ;Mãe, eles chegaram;, grita da janela do segundo andar Maria Eduarda, 8, depois de ver o carro da reportagem. Rapidamente, João Paulo aparece para saber de quem se trata. Todos se aglomeram na sala, inclusive os gêmeos Marcos e Pedro, de apenas nove meses. A matriarca, dona de um sorriso contagiante, organiza a recepção. João faz gestos chamativos, mostra objetos e aponta para as pessoas. Gosta de ser percebido. Mateus está assistindo a vídeos de futebol na internet. Ao interagir, o contato visual é forte. O garoto, em instantes, passa a respirar no mesmo ritmo de seu interlocutor. Em uma ligeira observação é possível descobrir quem é seu ídolo. Neymar aparece na maioria dos filmes venerados na tela do computador. Com um sinal tímido com as mãos, faz referência ao penteado do jogador.
;Viu que são crianças absolutamente comuns?; A observação da mãe confronta muitas das informações difundidas ao longo dos últimos dois meses, quando o Ministério da Saúde começou a investigar a relação do zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, com a microcefalia. ;Não se pode fazer terrorismo. As mães que recebem esse diagnóstico ficam fragilizadas, sem ter a certeza de que o filho vai vingar. Os médicos são pessimistas. Um deles me disse que essas crianças nem chegam à fase adulta;, reclama Adaiane. Mateus teve a microcefalia detectada aos 4 meses. João, ainda durante a gestação. ;O obstetra disse que o bebê era perfeito, mas muito pequeno. Pedi para ele refazer a medição do perímetro cefálico;, conta.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui