Jornal Correio Braziliense

Cidades

Escritor conta como o respeito à diversidade pode ser ensinado na infância

Em entrevista ao Correio, Todd contou como a dificuldade de aprendizagem na infância o incentivou a compor livros para que as crianças de hoje se sentissem bem com elas mesmas e aceitassem as diferenças

;Eu gosto da névoa. Gosto de leões-marinhos e de golfinhos. Gosto de pintar. Minha cor favorita é azul. Minha comida favorita é macarrão com queijo.; É essa a descrição que o autor americano Todd Parr coloca na biografia disponível em seu site oficial. Quem anda pelas seções de livros infantis já deve ter visto alguma das obras que ele escreve e ilustra com cores vibrantes e desenhos engraçados, que roubam sorrisos até dos leitores desavisados. Em entrevista ao Correio, Todd contou como a dificuldade de aprendizagem na infância o incentivou a compor livros para que as crianças de hoje se sentissem bem com elas mesmas e aceitassem as diferenças. São mais de 40 publicados em 14 idiomas diferentes, quase 20 deles no Brasil, todos pela Panda Books. No ano passado, Todd fez uma turnê no país e passou por Brasília e por Pirenópolis (GO), onde participou da Flipiri.



Como acha que os seus livros podem ajudar escolas e professores a tratar de temas sensíveis, principalmente ligados à diversidade?


Eles podem ajudar sendo um ponto de partida para discutir um assunto. Eu sei que muitos professores em todo o mundo usam meus livros como parte de seus planos de ensino. Para mim, são histórias simples e engraçadas que fazem com que as crianças se comprometam e se envolvam.

Tudo bem ser diferente e O livro da família são exemplos do seu trabalho sobre esses temas. De onde tirou a inspiração?

Tudo bem ser diferente está comigo desde a segunda série provavelmente, porque eu tinha problemas para ler. Eu basicamente aprendia devagar, então, repeti a segunda série e fui colocado em uma escola diferente. Muitas das crianças que sabiam disso zombavam de mim. Meu objetivo nunca foi escrever livros para crianças, mas isso foi uma coisa que me marcou, pois me senti muito diferente, e pensei que existem muitas crianças que têm diferentes obstáculos ou coisas nas quais elas são boas e sabia que fazendo um livro assim eu poderia ajudar as crianças a aprender. Eu só não tinha a menor ideia do impacto que aquele livro teria ou do tipo de pessoas que ele alcançaria. Eu não sabia que a necessidade das pessoas por um tipo de livro que ajudasse de uma forma bem engraçada fosse tão grande. Não como um livro de autoajuda, mas um livro de figuras que pudesse ajudar as crianças a se sentirem melhor com quem elas são.

Quando viu que havia uma grande necessidade dessa informação?

Eu acho que foi quando eu comecei a ficar sabendo sobre todos os usos que as pessoas estavam dando (ao livro), os quais eu nunca havia pensado quando estava escrevendo, como doenças de infância e defasagem de aprendizagem. As pessoas estavam usando o livro para discutir questões de raça e bullying, por exemplo. E, de novo, eu estava escrevendo esse livro com a premissa de ter reprovado a segunda série, pelo sentimento de ser zombado. Quando eu fiquei sabendo de todas essas coisas, percebi que o livro criou as próprias pernas. Havia, por exemplo, famílias de mães solteiras, que decidiram ser mães solteiras e que precisavam apenas de alguma coisa que dissesse que a família delas é tão importante quando qualquer outra.

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