Desapegar de coisas que perderam a utilidade e estão guardadas ou entulhadas no canto da casa tem vários pontos positivos: abre espaço no guarda-roupa, na sala ou na cozinha e, muitas vezes, ao doar, ainda ajuda alguém que não tem condições de comprar. E se, além disso tudo, ainda vier, embutido, um desconto de 10%, 20%, 30%, melhor ainda. Como em época de crise toda economia é bem-vinda, tem empresário apostando no troca-troca para não perder a clientela e conquistar novos consumidores. Dá para comprar casaco ou tênis novo para a viagem de fim de ano com 15%, uma mala ou bolsa com 20% e ainda reformar aquele móvel velho pagando apenas 30% do valor atual da peça. O vale desconto é simples: um produto usado.
O setor produtivo do DF ainda não tem muita experiência nesse tipo de negociação. A estratégia foi lançada para tentar driblar a crise vivida pelo país e pelo executivo local. Pela primeira vez desde o início da série histórica, o desempenho econômico fechou no vermelho (-1,1%). Embora o resultado seja melhor que o nacional ; com queda de 2,1% ;, a retração preocupa o governo e o setor produtivo. Com a administração pública estacionada, comércio, serviços e indústria também são afetados. Os dados que mostram essa realidade são relativos ao Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon), divulgado em setembro pela Companhia de Planejamento (Codeplan). E o primeiro segmento a ser atingido pelo efeito dominó é o comércio. O setor corresponde a 19% da economia local e retrocedeu 5,4% no primeiro semestre de 2015. Nessa hora, o jeito é usar a criatividade.
Na Adidas, loja de produtos esportivos, o cliente pode levar qualquer peça usada para ganhar um desconto de 15%. O único critério é o seguinte: só é possível fazer a troca com desconto em um produto semelhante. Ou seja, uma chuteira usada dará desconto em uma nova. Um casaco, em um produto similar e assim por diante. Além de otimizar as vendas, a ação tem como objetivo a sustentabilidade. Segundo o gerente de uma das lojas da marca Wermeson Romerito Aires dos Santos, 31 anos, outra vantagem da troca é o descarte correto dos produtos. ;Tem gente que pega tênis velho e joga no fio de eletricidade, por exemplo. Trazendo para a loja, a gente também diminui o lixo nas ruas. Outras vezes, a peça ainda está em condições de ser usada e, nesse caso, levamos para doação. E o desconto, a pessoa ganha na hora, na nova compra;, explicou.
Segurar o cliente antigo e trazer mais gente para manter a rotatividade da economia é imprescindível para o comerciante (confira Para saber mais). O gerente de uma loja de malas, bolsas, mochilas e diversos acessórios apostou na promoção do troca-troca em setembro. Deu certo. Mais gente procurou o estabelecimento para comprar algo novo. A intenção é deixar até o desconto de 20% até o fim do ano para conquistar o cliente, principalmente agora, quando as viagens estão em alta. ;Cerca de 10% das vendas de setembro foram somente em cima dessa promoção. Foi muito bom. É só trazer uma mala velha, usada mesmo, e escolher em qual produto vai querer o desconto. Temos uma lista de itens já selecionados;, afirmou Marilar Durães Costa, 40.
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