Um dos legados deixados ao Distrito Federal pela Copa do Mundo de 2014 na área de mobilidade, o Expresso DF (BRT) está longe de ser o que prometiam os governos federal e distrital antes da inauguração da obra, em junho daquele ano. Alvo de uma enxurrada de críticas por parte de usuários, o sistema ainda é falho naquilo que propôs de melhor: a organização do trânsito. Estações na altura do Park Way estão obsoletas e depredadas. Além disso, confundem o passageiro, pois os ônibus não param no local. Como se não bastasse, a licitação para execução das obras e as intervenções no trecho de 42km ; que mudou a paisagem entre o Plano Piloto, Santa Maria e Gama ; são alvos de duas auditorias do Tribunal de Contas do DF (TCDF), que sugerem, entre outras questões, problemas de infraestrutura e de superfaturamento na aquisição de diversos itens.
[SAIBAMAIS]Na semana passada, a reportagem do Correio percorreu alguns pontos de parada localizados no canteiro central da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), entre o Núcleo Bandeirante e o Park Way, e encontrou uma série de problemas. Das seis áreas de embarque imponentes, feitas de vigas e telhas metálicas, apenas uma funcionava. Ainda foram encontradas paredes de vidro quebradas e trincadas, cercas de ferro amassadas, grades pichadas. Nem mesmo as catracas foram poupadas. Em uma delas, os fios tinham sido arrancados. O custo médio de cada estação foi de R$ 2,2 milhões.
Na parada Vargem Bonita, ao meio-dia, 12 lâmpadas estavam acesas. Painéis de informação defeituosos tornavam difícil a tarefa de ler o itinerário. Vazamentos e lixo espalhado também faziam parte do cenário. Uma estação adiante, no sentido Santa Maria, o quadro se repetia. Nenhum funcionário cuidava do local e não havia vivalma aguardando o transporte. Somente na próxima estação, Granja do Ipê, um vigilante estava presente. O GDF argumenta que as estações na altura do Park Way ainda não estão aptas para receber passageiros, porque aguardam licitação para garantir a segurança e a limpeza dos espaços. Informação que o encarregado de obras Edcarlos de Barros, 35 anos, precisou descobrir sozinho. Na última terça-feira, ele esperava condução em uma das paradas de concreto na lateral da pista. ;Nunca vi o BRT parar nessas paradas do meio. Um gasto totalmente desnecessário, tudo em vão;, reclamou.
O auxiliar de despachante Ellisson Barbosa Matos, 40 anos, engrossou o coro: ;Os únicos ônibus que passam pela Epia fazem isso pelos antigos pontos. Se inventar de esperar nos do centro, por lá fico. Nem funcionário eles têm;, disse. Matos depende do transporte coletivo para ir ao trabalho. Para isso, precisa pegar três ônibus. Ele afirma que, antes das obras do BRT, pegava apenas uma condução e era mais rápido.
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