Quatro tiros disparados de uma pistola 380 destruíram uma família e os sonhos de uma jovem de 24 anos que cursava direito e queria ser delegada. Quatro anos depois do assassinato de Suênia Sousa Farias, o advogado e professor Rendrik Vieira Rodrigues, autor confesso do homicídio, será julgado pelo Tribunal do Júri de Brasília. É a segunda vez que a Corte marca uma data para decidir o futuro do réu.
Em novembro, a Justiça marcou o julgamento de Rendrik, mas a sessão acabou adiada. O desembargador da 1; Turma Criminal do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) concedeu liminar à defesa do acusado, que alegou que uma das testemunhas não tinha sido localizada pelo oficial de Justiça. ;Foi decepcionante. Uma sensação enorme de impunidade;, desabafa a irmã de Suênia, Cilene Sousa Farias, 38 anos (leia Depoimento). Hoje, a família aguarda a condenação do réu e uma pena equivalente à brutalidade do crime.
Ticiano Figueiredo, advogado de Rendrik, afirma que o professor está sereno e tranquilo com o curso do julgamento. ;Esperamos que seja justo;, afirma. De acordo com o defensor, a defesa aguarda algumas decisões de recursos, mas também está preparada para a sessão. O réu aguarda a sentença em uma cela no 19; BPM. Ticiano ressalta que ele divide uma cela com duas pessoas, com horário de banho, e não em um quarto.
Para o assistente de acusação, Amós de Albuquerque, a expectativa é de que os termos da denúncia sejam acatados pelos jurados. ;Ele cometeu um homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe, e não deu chance de defesa. Queremos a pena máxima possível, até mesmo em virtude do conhecimento que ele tem. Entendemos que o juiz, na hora de aplicar a pena, leve em consideração que ele sabia o que estava fazendo. Ele tem um conhecimento de nível médio para alto;, justifica.
Além disso, Amós conta que Rendrik escreveu uma carta, anexada ao processo, na qual se mostra indiferente ao sofrimento da família. ;Provavelmente, ele vai ficar em silêncio no interrogatório. Disse estar em um momento alegre e sereno na vida dele,em que a esposa está esperando um filho. O que ressalto é o desprezo pelo sentimento alheio. Quem perdeu foi a família, que não tem mais o direito de conviver com a Suênia, além da vítima, que morreu;, declara.
Covardia
Em 30 de setembro de 2011, Rendrik matou Suênia após uma discussão. Os dois tiveram um relacionamento de alguns meses, mas a jovem decidiu acabar com o romance e reatar com o antigo namorado. Armado com uma pistola, Rendrik a esperou no estacionamento da faculdade onde ela estudava, na Asa Norte, por volta das 15h30.
Após circular por vários pontos da cidade no carro dela, ele estacionou o veículo, pressionou-a a dizer que havia reatado com o ex-namorado e atirou quatro vezes. Depois de cometer o crime, o advogado ainda circulou durante algumas horas por Brasília com o corpo de Suênia no banco do passageiro, até parar na 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), onde foi preso.
Depoimento
;Está faltando uma parte;
Depoimento
;Está faltando uma parte;
;A expectativa para amanhã (hoje) é simples. Queremos a condenação dele (Rendrik) e a pena comparada ao crime que ele cometeu. Foram quatro anos de angústia e sofrimento. Ele destruiu tudo. Sempre fomos uma família unida e feliz, mas, desde que a Suênia morreu, está faltando uma parte. Ela era a mais alegre, a que mais motivava todo mundo. Todos os momentos em que estamos juntos é o mesmo martírio. Ficamos discutindo o que poderíamos ter feito, como poderíamos ter prevenido o que aconteceu. O Natal está chegando, mas que sentido tem essa data para nós? Ao mesmo tempo, se ele for punido amanhã (hoje), também será uma vitória.;
Cilene Sousa Farias, 38 anos, irmã de Suênia