Embora o contato tenha se estreitado nos últimos tempos, a história de Elizeu em Brasília começa três anos atrás, quando ele sumiu de casa, no município gaúcho de Vacaria. Ele perdeu o emprego no interior do Rio Grande do Sul e decidiu ganhar a vida na capital federal. Viajou sem rumo e sem dinheiro até as ruas sem esquina do Plano Piloto. Comentou com a família apenas quando chegou em seu destino. Aqui, não conseguiu trabalho nem moradia.
Viveu na rua até fevereiro deste ano, quando, após uma queda brusca, foi internado no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e, por lá, permaneceu durante quase um mês. O próximo destino dele, ainda em recuperação, foi o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). A internação ocorreu em fevereiro deste ano, pois a fratura no fêmur ainda precisava de cuidados.
Não demorou até o problema ser resolvido, mas, Elizeu permanece vivendo na unidade de saúde até hoje ; literalmente, porque, se tudo der certo, até o fim do dia ele volta para casa. ;Os albergues do DF não recebem pessoas com problemas psiquiátricos, e o Elizeu apresenta esse quadro. Então, resolvi buscar a família dele enquanto ele ficava internado no hospital. Não ia jogar ele na rua;, explicou a diretora do HRSM Milen Mercaldo.
Acionado o serviço social, o plano era encontrar parentes de Elizeu, avisar do problema psiquiátrico e entregá-lo aos cuidados da família. ;Ele disse que tinha um irmão, mas só soube falar o primeiro nome. Então, buscarmos no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e vimos que ele (Elizeu) tinha o nome sujo. Por isso, havia nomes relacionados ao dele. Encontramos os parentes e os contactamos;, disse a supervisora da unidade de saúde Nayara Farias, emendando: ;eles quiseram vir na hora, mas não tinham dinheiro. Pelo menos, entendemos que havia interesse;.
Com o destino do paciente pré-definido, faltou viabilizar a vinda da família. A direção do Hospital de Santa Maria entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, que se propôs a pagar as passagens de avião para três pessoas. Contudo, o irmão e a cunhada de Elizeu recusaram o convite. ;Eles ficaram com medo e preferiram encontrar outro jeito;, disse Nayara. O próximo passo foi estimulá-los a buscar ajuda local. Então, eles falaram com a prefeitura e com a igreja de Vacaria e levantaram R$ 300.
Para ajudar nas finanças, Milen Mercaldo comprou uma cafeteira e propôs uma rifa no hospital. Os rendimentos somaram à conta da família Zulatta mais R$ 500. Com o dinheiro no bolso, resolveram pegar a estrada nesta quinta-feira (19/11). A ideia era chegar em Brasília no mesmo dia, contudo, os gaúchos se renderam ao cansaço e pararam em Goiás para descansar durante a noite. A distância entre Vacaria e Brasília é de 1.850km.
O reencontro, portanto, está marcado para esta sexta-feira (20/11).