Jornal Correio Braziliense

Cidades

Universidade de Brasília dispensa 100 terceirizados para reduzir gastos

Veículos estão parados na garagem porque não há dinheiro para abastecer



Pelo menos 100 funcionários terceirizados de setores como limpeza, copa e administrativo foram desligados da Universidade de Brasília (UnB) ao longo da semana passada. Os motivos são as ocorrências de desvio de função e o corte de R$ 1,5 milhão no repasse de verbas do Ministério da Educação para a instituição este ano. Com a redução drástica do orçamento, a UnB reviu os contratos com as empresas prestadoras de serviço e reduziu a demanda por mão de obra. O arrocho financeiro também interrompeu atividades, como na área de transporte. Lá, as viagens estão suspensas por falta de verba para custeio de combustível.

No caso dos terceirizados, o contrato antigo previa 240 trabalhadores para as funções. Na licitação atual, assinada este semestre, são demandados apenas 140 funcionários. No início do ano, a universidade tinha 2,5 mil terceirizados, distribuídos em nove acordos. A previsão é de que, até o fim do ano, o contingente diminua pela metade. A medida decorreu de um estudo elaborado pela instituição para avaliar a demanda pelos serviços em questão. Além do número muito alto nas contratações, houve a percepção de acúmulo de cargos, o que é proibido pela lei.


;Nós detectamos muitos casos de desvio de função, em que o funcionário da recepção acumulava outras atribuições, como a de contínuo;, explica o diretor de Terceirizações da UnB, Júlio Versiani. ;Pesou também a restrição orçamentária, e, por isso, a universidade se valeu da Lei n; 8.666/1993, que prevê acréscimo ou redução de 25% nos contratos;, explica. Segundo Versiani, apesar da situação delicada, a relação contratual da universidade é com as empresas, não com os trabalhadores. ;Não temos mecanismos legais para realocar os profissionais;, destaca.

Preocupação
A situação preocupa pelo fato de a maioria dos profissionais demitidos já terem muitos anos de casa, explica o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de Brasília (SintFub), Mauro Mendes. ;São pessoas com 10 ou 15 anos de serviço, em geral, mulheres, com pouca escolaridade e idade mais avançada. A recolocação no mercado de trabalho é muito mais difícil nesses casos;, explica Mendes.


A copeira Francisca Dilma Gomes, 59 anos, é um desses casos. Há 21 anos, ela trabalha como terceirizada e, no mês passado, teve confirmado o desligamento da empresa que prestava serviço de copa na Faculdade de Tecnologia (FT). A três anos de se aposentar, ela se preocupa com o futuro. ;Na idade em que estou, não arrumo emprego em lugar algum;, lamenta. Para não perder o direito à aposentadoria, Francisca cogita até mesmo pedir empréstimo para continuar a contribuir. ;Marquei a ida ao INSS em janeiro para saber quanto terei que desembolsar a fim de cobrir a contribuição.;

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