Mesmo com o retorno ao trabalho de algumas categorias, como técnicos de enfermagem e servidores da educação, a população do Distrito Federal ainda sofre com as paralisações. Parte dos movimentos dura mais de um mês e afeta milhares de usuários do sistema público, como escolas, hospitais e transporte público. Em assembleia, cerca de 200 funcionários de colégios da rede, entre analistas, técnicos, monitores e agentes de gestão educacional da carreira de assistência à educação, votaram pela suspensão da greve, deflagrada em 19 de outubro. Apesar disso, o ensino segue prejudicado, pois os professores continuam de braços cruzados.
A situação atrapalha pais e alunos. Dois dos três filhos da diarista Selma de Jesus, 42 anos, estão sem aula, em Samambaia. Bruno, o mais velho, teve dificuldades no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). ;Ele está no segundo ano, mas fez a prova. Só que o conteúdo mais cobrado era justamente o que ele teria no fim do ano;, lamenta Selma. Hérica, 8, precisa acompanhar a mãe no serviço. ;Não tenho com quem deixá-la. O jeito é carregá-la;, queixa-se.
Na saúde, a situação está menos crítica, principalmente com a volta de técnicos e auxiliares de enfermagem, que deram fim à paralisação depois de 30 dias. Mesmo assim, algumas áreas dos hospitais públicos continuam com problemas, pois os médicos estão parados. Consultas e cirurgias eletivas seguem prejudicadas. Nas emergências, o atendimento é realizado normalmente. Ontem pela manhã, o sistema de agendamento de consultas do Hospital de Base do DF ficou fora do ar.
Quem precisa se locomover pela cidade também encontra dificuldades. Com a greve dos metroviários, o estudante Cláudio Abreu, 24, deu de cara com os portões fechados da estação da Rodoviária do Plano Piloto. ;Uso o transporte todos os dias, pois moro em Águas Claras, mas estudo no Plano Piloto. O jeito é esperar os horários em que ele está aberto.; Para amparar a população, a diretoria do Metrô estabeleceu um regime especial de funcionamento, atendendo os passageiros em horário de pico (leia Horário do metrô).
Parques
Até mesmo o lazer está prejudicado. Com a greve dos servidores do Instituto Brasília Ambiental, quase todos os parques estão fechados para os visitantes. As exceções são o de Águas Claras; do Cortado, em Taguatinga; o Olhos D;Água, na Asa Norte; e o da Asa Delta, no Lago Sul. Para os amantes de atividades físicas, a prática fica mais difícil. ;Costumava correr no parque todos os dias pela manhã, além de jogar vôlei aos fins de semana. Agora, faço o percurso pelo lado de fora, mas a falta de banheiros, de bebedouros e de equipamentos atrapalha bastante;, reclama o estudante Alisson Campos Padilha, 23, que sai do Cruzeiro para fazer exercícios no Parque do Sudoeste.
Os motoristas também contam com obstáculos. Mesmo com propostas do governo, agentes do Departamento de Trânsito (Detran) decidiram durante a greve. Com isso, emissões de documentos, vistorias, fiscalizações e até mesmo provas para CNHs estão suspensas. O cenário deve seguir o mesmo até a próxima semana, quando novas reuniões entre grevistas e governo devem acontecer.
O chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, acredita na mudança de comportamento das categorias, que, segundo ele, sinalizaram entender a situação do governo. Para ele, muitos servidores devem retornar ao trabalho na próxima semana. ;Quem veio negociar conosco percebeu as dificuldades. O governo não tem condições de brigar com 32 categorias ao mesmo tempo. Ninguém faria isso de maneira pensada. Seria um suicídio político;, afirmou. Entre as classes paradas, só os médicos não se dispuseram a conversar.
Colaborou Bernardo Bittar
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