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Sem ensino, sem saúde e sem transporte público: greves param o DF

O brasiliense iniciou a terceira semana de paralisações de serviços do GDF com a greve dos metroviários. Empresa desativou totalmente o sistema porque não poderia garantir a segurança. Funcionários da CEB também param

O dia depois do feriado se tornou um suplício para quem depende do transporte público na capital. Anunciada na semana passada, a greve dos metroviários levou à suspensão completa do serviço na tarde de terça-feira (3/11), dificultando o retorno para casa de milhares de trabalhadores. A paralisação afetou ainda o trânsito, muito carregado na Saída Sul do Plano Piloto, uma vez que muita gente usou carros particulares e o governo aumentou o número de ônibus nas ruas. Além dos funcionários do metrô, servidores da Novacap cruzaram os braços. Os da CEB param na segunda-feira. Outras categorias, como de técnicos de enfermagem, decidiram pela manutenção de greves.



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Apesar de decidida antes do Dia de Finados, a greve dos metroviários pegou muitos brasilienses de surpresa. A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) controlou 15 trens saindo de Ceilândia e de Samambaia. Durante a manhã, somente 12 das 24 estações estiveram abertas plenamente. Nas demais, apenas o desembarque era permitido.

O motorista Davi César, 28 anos, chegou à estação Guariroba, em Ceilândia, e encontrou o portão fechado. ;Não sabia que estavam em greve. Agora, vou me atrasar para o trabalho. Até tirei uma foto com o celular e vou enviar para o meu chefe;, justificou. Os funcionários do Metrô informavam que a estação estava fechada por falta de funcionários e orientavam os usuários a irem até as estações Ceilândia Sul ou Ceilândia Centro. Solução seguida por Davi.

A auxiliar administrativa Maria de Jesus Ribeiro, 34 anos, preferiu trocar o transporte pelo ônibus. ;Estava andando até a estação quando um funcionário do Metrô avisou da greve. Não tive outra opção;, afirmou ela, que pegou o coletivo na Elmo Serejo. Porém, devido à superlotação, muitos ônibus passavam direto nas paradas, deixando para trás passageiros que sinalizavam. Segundo a assessoria do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), houve reforço de 48 veículos na frota que atende as regiões afetadas pela paralisação. Outros passageiros preferiram o automóvel. Com o aumento no volume de carros e coletivos, o trânsito ficou intenso nas vias da Saída Sul da cidade, como EPTG e EPIG, especialmente nos horários de pico.

[SAIBAMAIS]As estações que permaneceram de portas abertas tiveram fluxo acima do normal. Na Estação Águas Claras, havia fila para comprar o bilhete, devido à concentração de usuários de outras estações. A estagiária Jade Gois, 19, não contava com a greve. ;Geralmente, nem tem fila aqui nesse horário, mas pelo menos está aberto.;

Sem trens
A situação piorou à tarde. Por volta das 14h, as estações suspenderam totalmente as atividades. A empresa que administra o serviço alegou que não havia condições de o sistema funcionar de forma segura com apenas 30% do efetivo, quantidade determinada por lei para que uma greve não seja considerada ilegal. Segundo a assessoria do Metrô, são necessários ao menos 80% dos trens rodando no horário de pico e 60% nos demais horários para que haja suporte mínimo aos usuários. Até a conclusão desta edição, a decisão de fechar as estações valia também para hoje.

Na Rodoviária do Plano Piloto, muitos usuários acabaram surpreendidos com a paralisação total. Eles nem sabiam qual ônibus poderiam tomar. Caso do bancário Samuel Brum, de 46 anos. ;Preciso ir a Águas Claras, mas não sei quais linhas passam por lá.; Já a atendente Sônia Botelho Borges, 22, teve dificuldade em ir para a faculdade, em Taguatinga. ;Terei de pegar dois ônibus e gastar R$ 7. Ainda assim, chegarei atrasada;, reclamou.

O presidente do Sindicato dos Metroviários (SindMetrô), Ronaldo Amorim, declarou que a decisão de suspender totalmente o serviço foi tomada pela empresa. ;O sindicato disponibilizou funcionários para que o metrô operasse com 30% dos trens desde o início da greve, porque, quando a categoria delibera a paralisação, tem de dar o mínimo de suporte à população, mas não cessa o serviço;, defende-se.

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