Uma senhora de 90 anos sofreu queimaduras durante internação no Hospital Santa Helena. A denúncia foi feita pela filha da paciente, que afirma ter entrado em contato com o centro médico na última quinta-feira (29/11), mas não recebeu qualquer explicação. Foi o segundo caso em unidades da rede privada em menos de uma semana.
Em 24 de outubro, a jornalista Ana Luisa Matos Correia decidiu levar a mãe, Maria de Lourdes Almeida Barata de Matos Correia, à unidade de saúde na Asa Norte devido a casos de vômito com sangue da idosa. Mesmo com dificuldades de transporte ; Maria de Lourdes tem Alzheimer e não consegue se locomover ;, ela foi levada por volta das 23h ao centro médico. ;Tentei evitar o difícil transporte, mas os enfermeiros do home care indicaram que a investigação era necessária;, disse a filha. Em nota, o Santa Helena diz ter sido informado sobre a "alegada lesão de pele, após a alta da paciente. Todavia, no decorrer de sua internação não houve qualquer registro ou evidência sobre a existência de lesão cutânea".
Após uma endoscopia, descobriu-se que a origem dos vômitos era uma gastrite. Como a paciente alimenta-se por uma sonda gástrica, a medicação teve de ser ministrada por uma bomba infusora, levando a internação. Segundo a filha, a previsão é de que a alta fosse dada no dia seguinte. Porém, os médicos responsáveis decidiram adiar a saída. ;Eles alegaram que havia um indicativo de inflamação;, relatou Ana Luisa. Dessa forma, a idosa só recebeu autorização para retornar para casa na terça-feira, três dias após a chegada ao hospital.
O trajeto foi feito em uma ambulância com acompanhamento de familiares e da enfermeira do home care contratado pela filha. Ao chegar na residência, os parentes perceberam que havia diversos ferimentos no braço esquerdo da idosa. ;Na saída, não notamos porque ela estava coberta com um lençol. Além disso, ela não consegue falar ou reclamar por causa do Alzheimer. Os machucados tinham aspecto de queimado, estavam vermelhos, inchados e com bolhas;, explicou Ana Luisa.
As lesões foram registradas por uma técnica de enfermagem e um enfermeiro do serviço de home care. A família ainda tirou fotos, usadas para a realização do boletim de ocorrência nq quinta-feira passada. A filha também entrou em contato com o hospital. ;Telefonei no mesmo dia, mas pediram para que eu enviasse um e-mail para a ouvidoria. Recebi apenas uma resposta genérica;, reclamou. Na nota enviada, o centro médico afirma que as reclamações seriam enviadas ao gestor responsável e que a solução seria buscada.
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Entretanto, nenhuma explicação de como o acidente aconteceu foi dada a família desde então. ;Sabemos que acidentes acontecem, mas queremos saber como ocorreu e quais providências foram tomadas pelo hospital para que isso não se repita;, conta Ana Luisa. A família reuniu laudos médicos que serão levados ao Instituto Médico Legal (IML) de forma a acrescentar provas para a ação contra o hospital.
Segundo caso
Dias antes a internação da senhora Maria de Lourdes, outro caso de queimadura durante internação foi registrado em um hospital particular da capital. O outro caso aconteceu no Hospital Brasília, para onde Fernanda Aguiar levou seu bebê, Miguel, que apresentava uma crise de otite. Ao ser liberado para retornar para casa, em 23 de outubro, os pais notaram queimaduras nos pés do bebê e logo o levaram para outra unidade de saúde, onde se diagnosticou ferimentos de segundo grau.
Dias depois, o centro médico onde aconteceu o acidente informou que uma garrafa térmica com água quente, deixada por funcionários no berço do pequeno paciente, vazou e causou as queimaduras. Em nota, o hospital informou que instaurou ;um comitê interno para apuração dos fatos;, além de afirmar que prestará todo o atendimento ao bebê e que a criança é acompanhada ambulatorialmente pela equipe de cirurgia plástica.