<p class="texto"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2015/11/02/504703/20151101231241192709i.JPG" alt="Família de Vanessa e Camila, com a foto de Maria Helena: encontros ocorreram de forma progressiva para continuar a vida após uma perda tão violenta" /></p><p class="texto"><br />A notícia da chegada de Samuel teve um gosto diferente para a mãe do bebê, a balconista Vanessa Gonçalves, 27 anos. O menino ainda vive na barriga da mulher, mas ela sabe o quanto a presença dele representa mudança. Na casa ao lado, a cunhada Camila Barbosa da Cruz, 20, voltou a ver a vida com cores e brilho e a sonhar com um diploma de nutrição. Fazer planos e pensar no futuro só foram possíveis na vida das duas quando conseguiram perdoar uma mágoa do passado.<br /><br />Era 2012, véspera de Natal. Vanessa estava sentada na porta da casa onde mora, em Planaltina, com a sogra, Maria Helena Rodrigues Barbosa, então com 51 anos;, a filha mais nova, Maria Clara, de 3 anos à época; a cunhada Camila; a sobrinha Isadora, 2; e outra sobrinha. ;Escutamos um barulho, parecia que algo tinha explodido. Foi tudo muito rápido;, relembra a balconista. Um carro, em alta velocidade, atropelou a família. A matriarca morreu no local e as outras vítimas tiveram diferentes lesões corporais. A partir dali, a vida jamais seria a mesma. Enquanto o caso seguia sob a análise de uma vara criminal, uma oportunidade de apaziguar o sofrimento foi oferecida aos envolvidos por meio da Justiça Restaurativa ; projeto pouco conhecido no Brasil e que busca reparar as consequências causadas pelos delitos (leia Para saber mais).<br /><br />A ideia é promover um encontro entre a vítima e o ofensor a fim de buscar uma solução para o conflito e reparar os danos causados. São sessões mediadas por uma equipe de profissionais que preza pela sensibilidade em ouvir os dois lados e, sobretudo, atender às necessidades das vítimas. ;O réu é o que chama a atenção das pessoas na grande parte dos casos. No penal, a sociedade não pensa que a vítima merece reparo. Precisamos mudar esse olhar. É um bom caminho para os dois;, argumenta a juíza Catarina de Macedo Nogueira Lima e Corrêa, do Juizado Especial Criminal de Planaltina e uma das responsáveis pelo programa.<br /><br />No caso da família de Planaltina, no início, apenas Vanessa aceitou conversar cara a cara com Fernando*, 25 anos, o motorista acusado de matar a sogra dela. O primeiro encontro ocorreu no meio deste ano. ;Na primeira vez, queria pular no pescoço dele. Depois, com o passar do tempo, fiquei mais tranquila;, comenta. Para Camila, a aceitação demorou. A mágoa e o sofrimento eram grandes e até hoje reviver o dia em que perdeu a mãe não é fácil. Só em relembrar as sequelas do acidente, as lágrimas escorrem no rosto. ;Desanimei de viver;, sintetiza. ;O mais difícil para mim foi vê-lo pela primeira vez;, desabafa Camila.<br /><br />Ela tomou a decisão de participar do programa ao pensar que a mãe, Maria Helena, teria feito o mesmo. As conversas esclareceram fatos entre vítimas e acusado. ;Ele pediu perdão, falou que não tinha feito aquilo porque queria, contou que já tinha perdido alguém da família da mesma forma e que gostaria de consertar os erros que cometeu;, conta Vanessa. O dinheiro para o tratamento das vítimas foi um dos pontos-chave do processo de Justiça Restaurativa. Todo mês, Fernando deposita uma quantia para auxiliar a família. ;Hoje, me sinto aliviada;, conta Camila. Vanessa também deixou para trás o ressentimento e o mal-estar que sentia todos os dias. ;Tinha dores de cabeça. Saía na rua e desmaiava. Era uma vida perturbada;, relembra. Depois das conversas, o coração está leve. E foi apenas após o primeiro encontro entre ela e Fernando que a mulher descobriu a gravidez de Samuel. ;O peso que carregava era tão grande que só depois senti minha gravidez. Era algo que tentava desde 2013 e não conseguia;, conta Vanessa.<br /><br /><strong>Hora certa</strong><br />A vida de Fernando também mudou. ;O convite da Justiça Restaurativa chegou na hora certa;, define a mãe do rapaz, Maria*. Logo após o acidente, ele ainda tentou ajudar a família, mas a raiva e a mágoa das vítimas eram tão grandes que não foi possível. Fernando sofreu represálias na comunidade onde mora. Precisou passar quase dois meses em Luziânia (GO). Quando voltou, não podia sair de casa. O patrão o buscava e o deixava em casa de carro. Maria era chamada de ;mãe de assassino;, na rua; o irmão mais novo, de 15 anos, entrou em pânico com medo de Fernando ser preso; e a irmã largou o emprego.</p><p class="texto"> </p><p class="texto">A matéria completa está disponível <a href="#h2href:eyJ0aXR1bG8iOiJFeHRlcm5vOiBodHRwOi8vaW1wcmVzc28uY29ycmVpb3dlYi5jb20uYnIvYXBwL25vdGljaWEvY2FkZXJub3MvY2lkYWRlcy8yMDE1LzExLzAyL2ludGVybmFfY2lkYWRlcywxODczNzcvYS1idXNjYS1wYXJhLXJlY29uc3RydWlyLXZpZGFzLnNodG1sIiwibGluayI6Imh0dHA6Ly9pbXByZXNzby5jb3JyZWlvd2ViLmNvbS5ici9hcHAvbm90aWNpYS9jYWRlcm5vcy9jaWRhZGVzLzIwMTUvMTEvMDIvaW50ZXJuYV9jaWRhZGVzLDE4NzM3Ny9hLWJ1c2NhLXBhcmEtcmVjb25zdHJ1aXItdmlkYXMuc2h0bWwiLCJwYWdpbmEiOiIiLCJpZF9zaXRlIjoiIiwibW9kdWxvIjp7InNjaGVtYSI6IiIsImlkX3BrIjoiIiwiaWNvbiI6IiIsImlkX3NpdGUiOiIiLCJpZF90cmVlYXBwIjoiIiwidGl0dWxvIjoiIiwiaWRfc2l0ZV9vcmlnZW0iOiIiLCJpZF90cmVlX29yaWdlbSI6IiJ9LCJyc3MiOnsic2NoZW1hIjoiIiwiaWRfc2l0ZSI6IiJ9LCJvcGNvZXMiOnsiYWJyaXIiOiJfc2VsZiIsImxhcmd1cmEiOiIiLCJhbHR1cmEiOiIiLCJjZW50ZXIiOiIiLCJzY3JvbGwiOiIiLCJvcmlnZW0iOiIifX0=" target="blank">aqui</a>, para assinantes. Para assinar, clique <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/mundo/" target="blank">aqui</a>. </p>