Esquecidas no depósito do Senado Federal há quase 40 anos, 16 caixas com objetos pertencentes ao extinto Palácio Monroe, sede da casa no Rio de Janeiro, finalmente foram abertas. Nelas, estavam 28 lustres completos, cadeiras, uma luminária, um armário, um espelho e duas tradicionais urnas de votação em madeira. Trata-se da última remessa do mobiliário, que, hoje, vale milhões de reais. As relíquias são do início do século passado, quando nem havia eletricidade. Contudo, continuarão guardadas, e não expostas, no Senado. Por hora, a ideia é restaurá-los em parceria com empresas privadas.
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Os armários estão desmontados, o espelho continua encaixotado e os demais objetos ainda não têm destino definido. Mas, os lustres, muitos deles oxidados e com peças quebradas, são considerados as grandes joias. ;O trabalho deles é muito minucioso. Não sei nem se foram produzidos por artesãos brasileiros. Acredito que existam desde 1904;, observa o coordenador do Serviço de Museu do Senado (Semus), Alan Silva. Eles foram enviados a Brasília em 1976, quando o Palácio Monroe foi demolido para dar lugar a uma avenida. Parte da mobília e de outros itens do imóvel foi vendida a colecionadores do Rio e, hoje, está espalhada pelo país, incluindo uma casa em Brasília.
Quando chegaram à nova capital, os itens destoavam do modernismo de Oscar Niemeyer e, por isso, passaram um tempo ocupando salas comuns do Senado, onde os funcionários deveriam trabalhar, causando grande desconforto. Ainda hoje, nos corredores do Senado, comenta-se que o arquiteto criador de Brasília teria se reunido com o urbanista Lucio Costa a fim de resolver o impasse. Chegaram à conclusão de manter os adornos guardados no depósito. ;Nunca ouvi nada oficial sobre isso, tampouco vi documentado. Se foi assim, não sei, mas entenderia. Não acho um absurdo, principalmente porque faz sentido;, comenta Alan silva.
Os lustres têm estilo rococó, arredondado, e diâmetros que variam entre 1 metro e 3 metros. São feitos de ferro, na estrutura, com adereços de latão e adornos em cristal. Iluminaram os salões do Monroe por 50 anos. ;Existem abóbodas no meio deles. Acho que é um lugar para queimar azeite ou álcool. Possivelmente, foram criados antes da eletricidade;, suspeita o diretor do Semus. Outra pista leva a equipe do museu à mesma dedução: existe um mecanismo de canos bem finos, hoje com fios elétricos, que seria uma espécie de canal para os óleos passarem.
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