Jornal Correio Braziliense

Cidades

2015, o ano mais quente da história do Distrito Federal

De setembro a outubro, o Inmet registrou as nove temperaturas mais altas desde que iniciou a medição, em 1963. A área queimada cresceu 58,6% em relação a 2014. Previsão de chuva só para quinta-feira. Mesmo assim, calor deve continuar

Os termômetros têm mostrado o que o brasiliense está sentindo na pele: 2015 é o ano mais quente da história recente do Distrito Federal. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), somente este ano foram registradas as nove temperaturas mais altas da série histórica medida desde 1963. Nos últimos cinco dias, o calor tornou-se mais evidente, com marcações acima dos 35;C, inclusive à noite. O ápice ocorreu no domingo, com 36,4;C e 11% de umidade relativa do ar.
Com a temperatura em alta e a umidade em baixa, a Defesa Civil acionou duas vezes estado de emergência na capital ; situação que não ocorria desde 2012. A estimativa do Inmet é de chuva na próxima quinta-feira, mas ela não será suficiente para diminuir temperaturas e amenizar a sensação de tempo abafado. ;Deve chover entre a tarde e a noite, mas, mesmo assim, a temperatura vai continuar alta;, prevê Morgana Almeida, meteorologista do Inmet.

Leia mais notícias em Cidades


O calor não tem dado trégua nem no período noturno. Morgana explica que as temperaturas estão altas porque há uma massa de ar quente e seco na região, que inibe a formação de chuva e ;segura; a intensa radiação solar recebida durante o dia, mantendo a noite quente. ;Brasília tem recebido muita radiação solar, típica da primavera. Porém, a massa de ar não deixa essa radiação ir para a atmosfera e fica essa sensação abafada.;

A combinação de baixa umidade e calor trouxe também o aumento das queimadas, o que intensifica a sensação de quentura e contribui para as dificuldades respiratórias. Dados do Corpo de Bombeiros mostram que a área queimada em 2015 cresceu 58,6% em relação a 2014 ; são 11.760 hectares, o que equivale a 28 Parques da Cidade. Grandes incêndios, como o da Floresta Nacional (Flona), na semana passada, contribuem para o aumento da área queimada. A queimada da Flona durou mais de 30 horas, mobilizou 100 homens, um helicóptero, um avião e 14 viaturas. Ontem, focos de incêndio ocorreram no Fassincra, em Brazlândia, e próximo ao Iate Clube.

Embora o calor e a seca tenham castigado, o consumo de água caiu 2% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). Uma das explicações para a queda no consumo pode ser o uso racional da água pela população. A empresa destaca que, nesta época, o consumo médio de água per capita aumenta entre 8% e 10%. Dessa forma, o brasiliense que usava 190 litros por dia está usando de 205 a 209 litros.

Com consumo equilibrado, os reservatórios que abastecem o DF continuam satisfatórios para o período. Para manter o nível do Paranoá, que tem uso múltiplo, foi preciso alinhar os grupos que usam a água. A Companhia Energética de Brasília (CEB), por exemplo, que retira água do Paranoá, está acionando, durante o dia, apenas uma das três turbinas existentes para gerar energia elétrica. Dessa forma, mantém o nível do lago para abastecimento e uso recreativo. ;Os níveis dos reservatórios estão bons, mas é preciso chover para enchê-los e para a água infiltrar e recompor os lençóis freáticos, que estão sendo usados agora no período seco;, analisa Camila Campos, coordenadora de Informações Hidrológicas da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa).

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.