Alegando motivos pessoais, Santiago pediu para sair da presidência neste mês. Ari herdou a missão de recuperar a CEB, seguindo o projeto de gestão desenhado pelos dois. Em entrevista exclusiva ao Correio, o novo presidente faz uma análise dos últimos meses. Ele destaca que a companhia continua operando no vermelho, embora o prejuízo semestral tenha diminuído de R$ 147,9 milhões para R$ 36,5 milhões. Por isso, não descarta a hipótese de mais aumentos na conta de energia elétrica ; nos últimos 12 meses, os incrementos na fatura somaram 73,74%.Para o futuro da CEB, Ari destaca a importância da capitalização da empresa. O comunicado mostrando interesse de injeção de capital foi publicado em 30 de setembro. A ideia é vender ativos da parte de geração da holding e alienar imóveis da companhia.
Isso significa que o setor precisa de mais reajustes para equalizar as contas? Ou seja, a tarifa de energia elétrica ainda pode subir;
Sim. Mas não é o momento de falar sobre isso.
No início da gestão do Santiago, a CEB estava tentando um empréstimo para a reestruturação, mas encontrava dificuldade por causa da imagem desgastada da empresa no mercado. Vocês conseguiram esse empréstimo?
Chegamos a fechar uma operação que tem dois momentos. O primeiro já aconteceu: contratamos R$ 130 milhões. Agora estamos esperando o aditamento do contrato de concessão para entrar com a segunda parte.
Esse contrato de concessão é o da própria CEB?
O governo acabou não conseguindo fazer o processo em tempo certo. A nossa concessão expirou em 7 de julho deste ano. E estamos sem concessão até hoje.
Vocês estão operando sem a concessão? Estão ilegais?
Estamos em um limbo regulatório. Não é só a CEB que está nessa situação, outras 37 concessionárias passam pela mesma questão. O processo de renovação das concessões foi feito de forma atabalhoada. Por isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) fez recomendações à Aneel de mudanças nos contratos e a agência está nesse processo. A expectativa do próprio ministro que foi o relator do processo é a de que os contratos devem estar prontos no fim do ano.
Qual é o impacto de operar sem concessão? Consegue fechar contratos, por exemplo?
Contratos de fornecimento, sim. A empresa continua operando normalmente. A questão que complica é do ponto de vista de a empresa contratar empréstimos bancários. O banco precisa de garantia. O que é a CEB sem concessão? A razão de ser da CEB é explorar a concessão.
Em abril, a CEB teve que apresentar um plano de reestruturação para a Aneel. Tiveram alguma resposta da agência?
A própria Aneel já reconhece uma melhora substancial no atendimento ao consumidor e na qualidade do serviço; diminuímos a frequência e a duração das interrupções. Houve queda substancial de consumidores, que, insatisfeitos com o serviço da CEB, procuravam a Ouvidoria da Aneel. A Aneel tem os dados, eles mesmos cumprimentaram a empresa pelas melhorias.
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