Jornal Correio Braziliense

Cidades

Enem: estudantes têm trocado aulas de cursinhos pela orientação de um coach

Os preços, geralmente, são salgados, mas os jovens ressaltam que o acompanhamento personalizado compensa



A palavra coach vem do inglês e significa treinador. Como um técnico de futebol, que orienta o jogador, organiza o treino e ajuda com todo o suporte emocional. Mas o coach saiu dos gramados e ganhou espaço na preparação pessoal. Já existem coaches financeiros, de relacionamento e agora também para vestibulares. ;Ele ajuda a encontrar o caminho correto nos estudos. É um mentor, que, com uma visão de fora, vai facilitar a trajetória do aluno;, explica Vincenzo Papariello, consultor do VP Concursos. E é por conta desse atendimento personalizado que estudantes estão trocando o cursinho pelo coach na hora de se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A estudante Isabela Assis, 19 anos, quer cursar medicina e já prestou o Enem duas vezes. Ela contava com preparação na escola e também fez um ano de cursinho. Neste semestre, optou pelo coaching. ;É uma maneira diferente de estudar. No cursinho, eles te passam a matéria, mas não te ajudam a se organizar. O coaching te acompanha o tempo todo e sabe como você está;, explica. Outra diferença que ela destaca é a cobrança. ;Se fosse por minha conta, eu deixaria alguma matéria de lado. Mas o coach cobra uma rotina de estudos e você acaba estudando mais.;

Isabela tem encontros semanais com Isadora Jinkings, que é psicopedagoga e orientadora educacional. Ela explica por que o Enem exige uma preparação específica. ;A prova tem um molde de avaliação diferente, com um cunho social e crítico, a que os alunos não estão acostumados. Meu trabalho é ajudá-los a entender esse formato.; Além disso, é fundamental que o coach ajude a organizar os horários do aluno. De acordo com o professor de química e coach Jônatas Gonçalves, a tarefa não é fácil. ;Eles são resistentes, acham que não precisam dormir, por exemplo. É meu papel mostrar que eles têm que descansar, fazer atividades físicas e se alimentar bem.;

Avaliação social

A receita nunca é a mesma para todos os estudantes. Por isso, no primeiro encontro com o coach, o aluno passa por uma entrevista.Para que o trabalho seja realmente personalizado, é preciso conhecer o nível de preparação, as intenções no vestibular, a rotina diária e, principalmente, as dificuldades de cada aluno. ;Só depois dessa primeira avaliação é que distribuímos as matérias de estudo. Há um trabalho de estatística quanto ao que mais cai e também de estratégia, de acordo com os pesos da prova;, explica Isadora. Segundo Jônatas, a grade é sempre reavaliada e bastante flexível. ;A programação muda conforme o progresso do estudante. Se você fizer algo engessado, ele se desanima.;

Como os coaches não dominam todos os conteúdos da prova do Enem, eles precisam pesquisar e consultar outros professores. ;O importante é não deixar o aluno com dúvida. O estudante que contrata o coach é muito exigente;, relata Jônatas. Eles também oferecem livros, apostilas, exercícios e indicam sites. E não acaba por aí, o acompanhamento é diário. O coach constrói uma relação muito próxima com o estudante. ;Você participa da vida dos meninos. Às vezes, eles me ligam porque se sentem inseguros e precisam de apoio emocional. Eu converso com os pais, e toda a família se envolve naquele objetivo.; Seguindo o perfil dos alunos, os coaches adotam meios de comunicação mais modernos, como Skype e WhatsApp. O importante é estar sempre disponível.

Um atendimento tão personalizado tem o seu preço. Jônatas Gonçalves cobra R$ 900 pelo acompanhamento. ;É um preço fixo. Se o aluno me procurar um ano ou seis meses antes da prova, o valor vai ser o mesmo;, explica. Já Isadora Jinkings trabalha com mensalidades de R$ 550 e a chamada ;taxa de sucesso;, caso o aluno seja aprovado. Se passar em medicina, ele deve pagar R$ 3 mil; para os demais cursos, são R$ 2 mil. Como o coaching é um processo de desenvolvimento pessoal, os mentores recomendam que o atendimento seja contratado pelo menos seis meses antes da prova. ;Também é possível fazer um trabalho de revisão agora que falta um mês, mas o estudante precisa já ter uma bagagem de estudo;, explica Jônatas.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique