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Prefeito de Cavalcante é alvo de atentado que teria motivação política

Polícia Civil não tem pista do autor dos tiros na casa do administrador da cidade localizada na Chapada dos Veadeiros. Município vive onda de escândalos que envolvem políticos em corrupção e até abuso sexual de crianças

Em meio à onda de denúncias de corrupção e de exploração sexual do trabalho de meninas descendentes de escravos envolvendo políticos da cidade, o prefeito de Cavalcante (GO), João Pereira da Silva Neto (PTC), 59 anos, foi alvo de atentado neste sábado. Homens fizeram vários disparos de arma de fogo na casa onde ele mora. Ao menos quatro tiros atingiram a fachada do imóvel, no centro do município localizado na região da Chapada dos Veadeiros. Havia crianças no interior da residência.

Até o momento, não há pistas sobre os autores dos tiros. Para o administrador da cidade goiana, o crime tem motivação política. Além do prefeito, estavam na casa na hora dos tiros o filho dele, a nora, que está grávida, o neto e a babá da criança. Ninguém se feriu.

Vizinhos contaram ao político que, após o barulho dos tiros, escutaram um carro deixar o local. No entanto, eles não chegaram a ver quem atirou.

Neto acredita que os tiros foram uma forma de ameaçá-lo. Ele afirma que é ;vítima de perseguição política; devido a uma denúncia feita contra vereadores em 2013 por extorsão. Na época, os parlamentares suspeitos negaram à Polícia Civil que cometeram o crime e disseram se tratar de uma "armadilha do prefeito".

Cassação

O processo está em andamento no Tribunal de Justiça de Goiás. O juiz aguarda resultado de perícia para dar parecer sobre o caso.

Em dezembro de 2014, a Câmara Municipal extinguiu o mandato do prefeito alegando que ele se ausentou por mais de 15 dias da cidade sem a autorização dos vereadores. A defesa do político recorreu da decisão e, um mês depois, ele voltou a assumir o cargo por decisão judicial.

O Tribunal de Justiça de Goiás determinou, em 9 de janeiro, o retorno de João Neto ao cargo de prefeito de Cavalcante. O desembargador que concedeu a liminar reconheceu na decisão que existem dúvidas em relação ao procedimento administrativo que resultou no afastamento. "É questão que merece uma maior reflexão e é passível de causar lesão grave e de difícil reparação ao agravante e à própria municipalidade".

[SAIBAMAIS]Para justificar o direito à defesa, os vereadores nomearam o advogado Aldir Avelino Costa, que admite não ter tido contato com o prefeito antes de proferir sua defesa. No documento de cassação, Costa, adversário político do prefeito, foi nomeado para defender João Neto. Segundo ele, faltavam elementos para a cassação.

Corrupção

Reginaldo Martins, advogado de João Neto, alega que o processo de cassação é uma retaliação dos cinco vereadores denunciados pelo prefeito em setembro de 2013 por corrupção. Eles foram filmados durante suposta tentativa de extorsão no momento em que recebiam uma mala de dinheiro contendo R$ 250 mil.

Os vereadores ainda respondem processo pela tentativa de extorsão, mas reassumiram seus cargos.