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Justiça do Trabalho vistoria condições em lixão da Estrutural

A intenção é tirar crianças e adolescentes do lixão para valorizar questões sociais como educação, cultura e lazer

Após um incêndio subterrâneo atingir uma área de 10 mil m; no Lixão da Estrutural, o procurador de Justiça do Trabalho, Valdir Pereira da Silva, foi até o local para vistoriar as condições de trabalho. A intenção é tirar crianças e adolescentes do lixão para valorizar questões sociais como educação, cultura e lazer. Ele criticou o fato de o depósito de resíduos ainda estar funcionando, em desconformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

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A construção necessária para a desativação do lixão seria o Aterro Sanitário Oeste, em Samambaia. No entanto, as obras pararam em 2014 e só foram retomadas na última semana. A previsão é de que fique pronto somente em dezembro de 2016. ;Acompanhamos a situação dos trabalhadores há seis anos. Estamos vistoriando. Existe uma decisão desde 2010 que obriga o fechamento do lixão, mas o governo do DF não acatou;, informou Silva.



O incêndio identificado na última sexta-feira (31/7) e é considerado de médio porte pelo Corpo de Bombeiros do DF. Para conseguir reduzir as chamas subterrâneas, os militares jogam terra em buracos para bloquear a passagem de oxigênio. O trabalho deve durar mais dois dias. Devem ser utilizados de 400 a 800 caminhões de terra para a conclusão da ação. Os bombeiros descartaram o risco de explosão, mas não aconselham o trabalho no local devido a fumaça tóxica.

Para o procurador do Trabalho Valdir Pereira da Silva as instalações são ;desumanas;. ;Vimos gente trabalhando de chinelo, sem luva e sem qualquer tipo de proteção ou segurança. Notificamos o governo, mas ele não fez o dever de casa;, disse. O alerta mais recente foi em dezembro do ano passado. Naquela ocasião, o Ministério Público do Trabalho (MPT) listou itens que deveriam ser alterados, como a distribuição de luvas e botas.

Medo

Hoje existem seis cooperativas trabalhando no local. Ao todo, 1,5 mil catadores operam o lixão diariamente. ;A gente não tem condições de trabalho. Estamos aqui porque não temos para onde ir. Nunca recebi luva e bota da cooperativa. A única segurança aqui é a de Deus;, reclama a catadora Sílvia da Silva Costa, 51 anos. Segundo ela, todos os catadores estão assustados com o incêndio. ;Aqui sempre tem acidente, mas nunca houve nada desse jeito. Temos medo de explosões;, completa.

Há 31 anos no lixão, Canuto Maciel da Cruz, 72, teme pela segurança pessoal e dos colegas. ;Nunca me machuquei, mas vi muita gente parar no hospital. Com isso aqui (incêndio) não temos como controlar, não é algo que esteja ao nosso alcance;, ressalta. Para o catador, faltam ações concretas do governo. ;Nunca fizeram nada aqui para termos mais segurança. Nem quando morre gente nada acontece;, afirma.



O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) informou que o local não é adequado para o trabalho humano. ;Não temos como fechar os portões e deixar essas pessoas sem trabalhar. O governo está se preparando para transferir esses trabalhadores;, afirmou Jaira Puppim, superintendente de inclusão dos catadores. A representante do órgão não revelou um prazo para que isso seja feito.

O incêndio

O coronel Lourival Corrêa do Corpo de Bombeiros descarta o risco de explosões no local, mas recomenda que as pessoas não permaneçam no lixão devido os riscos de intoxicação. As chamas mais profundas podem chegar a 20 metros da superfície. "A fumaça produzida faz muito mal. A presença do metano pode trazer diversos problemas à saúde, por exemplo, o agravamento de doenças respiratórias", disse.

A fermentação do lixo aterrado gera gases inflamáveis, entre eles, o metano. Com a umidade relativa do ar baixa e a alta temperatura, as reações químicas produzem calor naturalmente. Daí origina-se o fogo. "O vento tem facilitado a situação e a fumaça não está indo em direção ao lado da cidade, onde está habitada, e isso melhorou nosso trabalho. Então, não corre o risco, a princípio, que tenha contato com a cidade", garantiu Corrêa.