Após o vazamento de 25 gravações mostrando agressões físicas e verbais contra crianças de 3 a 5 anos dentro de uma escola em Águas Claras, as aulas foram retomadas nesta segunda-feira (27/7). O fim das férias escolares estava programado para 22 de julho, entretanto, para ampliar a jornada pedagógica da equipe docente, a retomada das atividades foi atrasada. De acordo com um comunicado assinado pelo novo diretor-geral da escola, Eduardo Sena, a espera se deu para que os professores pudessem desenvolver uma ;reflexão das práticas educativas;. Procurado pelo Correio, Eduardo afirmou estar focado no atendimento aos pais e alunos. Segundo ele, ainda não é o momento de se pronunciar sobre o novo modelo de gestão adotado pelo colégio.
Em meio à mudanças que vão desde o calendário escolar até a equipe e modelo de gestão, parece que, aos poucos, a rotina da instituição de ensino volta ao normal. Em documento divulgado no site do colégio, o novo diretor convida pais de alunos da educação infantil, fundamental 1 e 2 para participarem de reuniões que vão ocorrer entre os dias 29 e 31 de julho. O objetivo seria apresentar a nova gestão administrativa e pedagógica do local. Ainda segundo o comunicado, a instituição está plenamente preparada para receber os alunos.
Com relação à contratação do novo gestor, a assessoria da unidade não quis se pronunciar. Apesar disso, de acordo com informações obtidas através de uma rede social, o atual diretor possui licenciatura em Educação Física e já atuou como coordenador no Centro Educacional Católica de Brasília (CECB). Além disso, Eduardo possui formação em administração e marketing esportivo e já foi conselheiro no Conselho Regional de Educação Física da 7; Região.
As novas medidas da escola, entretanto, não convenceram a todos. O bancário Rodrigo Porto, 34 anos, é pai de uma das crianças que apareceram nas imagens divulgadas na internet. Para ele, as novidades não são eficazes. "É coisa para inglês ver. O objetivo disso tudo é convencer os pais que mantiveram os filhos na escola de que alguma coisa vai mudar", afirma. Rodrigo acrescenta ainda que a instituição está dificultando processos de rescisão de contratos e não disponibilizou o apoio psicológico prometido aos pais e alunos envolvidos no caso. "Eles pediram para eu não tirar meus filhos da escola e ainda ofereceram a possibilidade de mantê-los lá até o fim do ano sem pagar mensalidade. Eu não aceitei a proposta e até agora só consegui a transferência deles", denuncia.
Relembre o caso
Em 30 de junho, mais de vinte gravações, entre vídeos e áudios, começaram a circular pelas redes sociais. As imagens foram feitas por uma funcionária da instituição, cansada de presenciar agressões verbais e supostas agressões físicas. As ações partiram de três professoras da unidade que já foram demitidas pela instituição. Em um dos vídeos, uma criança está chorando por que as professoras estariam estourando balões, ciente de que isso a assustava. Em outro, é possível escutar as professoras debochando de uma criança por que ela teria feito xixi na calça. Elas o chamavam de ;bebê;, mesmo com pedidos para que parassem. O caso, que gerou indignação em todo o Distrito Federal, rendeu 24 denúncias à 21; Delegacia de Polícia Civil do DF (Taguatinga Sul), onde continua sendo investigado.
Com informações de Hariane Bittencourt