Dois dias após 25 gravações com supostas agressões a crianças em uma escola particular de Águas Claras circularem pela internet e causarem indignação, a 21; Delegacia de Polícia Civil do DF (Taguatinga Sul) registrou 15 ocorrências contra a instituição. A Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF) estuda encaminhar uma representação contra o colégio ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A escola afirma não estar em contato com as três profissionais envolvidas, que não voltaram ao centro educacional desde o ocorrido. Entretanto, as medidas cabíveis estariam sendo tomadas. Procurados, o MPDFT e o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep) declararam não haver denúncia contra as funcionárias.
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Na última quarta-feira, duas professoras e uma estagiária foram denunciadas por maus-tratos pelos pais dos alunos. Nas imagens, registradas por uma funcionária da escola, é possível identificar agressões verbais e, por vezes, físicas contra crianças com cerca de 3 anos de idade. Em um dos vídeos, uma das professoras debocha de uma criança por ela ter feito xixi na calça. Em outro, coloca uma touca na cabeça de um dos estudantes de forma agressiva.
[SAIBAMAIS]Segundo o delegado-chefe da 21; DP, Alexandre Nogueira, as investigações correm conforme chegam novas informações. ;As professoras serão ouvidas, assim como toda a direção do colégio. A instituição já nos passou as imagens das câmeras de segurança.; Visivelmente abalada, a mãe de uma criança que aparece nas imagens prefere não se identificar, mas diz que o filho foi retirado da escola. ;Estamos procurando outro colégio para ele, bem como um acompanhamento psicológico.;
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Para o advogado do colégio, Marcelos Martins, a instituição está tão surpresa quanto os familiares dos alunos e, tão logo a apuração dos fatos seja concluída, as medidas cabíveis serão tomadas. ;Nunca vivemos algo assim. As portas da escola estão abertas para atender e oferecer todo o apoio aos familiares e às crianças. Quando apurarmos tudo com rigor, nós vamos tomar as medidas necessárias, podendo ir até a demissão por justa causa.;
Credenciado pela Secretaria de Educação, o colégio presta serviços em Águas Claras há nove anos e tem cerca de 160 funcionários. Apesar do intenso movimento de pais, a rotina da instituição segue normalmente. Por outro lado, desde quarta-feira os alunos das professoras envolvidas não estão indo às aulas. Segundo Marcelos, foi uma opção dos pais, uma vez que a escola conta com docentes substitutos. ;Todos os profissionais da instituição são habilitados para atuar no local e a apuração dos fatos tem que se dar de maneira cautelosa. Nem todos os vídeos apontam para situações negativas, apenas dois. A questão é que isso gera uma comoção geral;, opina.
Repercussão
A motorista de transporte escolar Adriana de Oliveira, 30 anos, é mãe de um dos estudantes da turma em questão. Segundo ela, que compareceu à 21; DP para registrar boletim de ocorrência, o filho de 3 anos e 4 meses comentou sobre as ações mostradas nos vídeos. Adriana relata também a angústia de não saber se algo aconteceu com ele. ;Ele presenciou tudo e me contou o que aconteceu com os coleguinhas de turma. Nós nunca desconfiamos de nada, mas agora começamos a ligar os fatos e tenho medo de ver meu filho nas gravações. Para mim, a diretora da escola disse que não sabia dos maus-tratos, então eu decidi tomar providências;, desabafa.
O presidente da Aspa-DF, Luis Claudio Megiorin, afirma que a associação está elaborando uma representação contra a escola para ser encaminhada ao MPDFT. ;Estamos colhendo informações dos pais que tiveram os filhos expostos para finalizar a representação. Tudo corrobora para uma suspeita de que esse não é um fato isolado. Essas ações são inaceitáveis.;Ainda segundo Megiorin, que é advogado, as imagens retratam momentos em que os alunos sofrem bullying. ;É algo que vai ficar na mente dessas crianças;, lamenta.