Cidades

Teatro Oficina Perdiz será reinaugurado nesta tarde em novo endereço

A oficina mecânica de José Perdiz foi criada em 1969, mas só em 1975 que ganhou os primeiros ventos de cultura. Naquele ano, o mecânico cedeu o espaço para ensaios do grupo de teatro do enteado, aluno de teatro da Faculdade Dulcina de Moraes

Renato Alves
postado em 26/06/2015 15:28
O Teatro Oficina Perdiz será reinaugurado nesta sexta-feira (26/6), em nova sede, na 710 Norte. O espaço é uma referência cultural da cidade. O evento, que começa às 17h, contará com autoridades do Distrito Federal e do criador do teatro, José Perdiz.

Por mais de 40 anos, José Perdiz comandou a oficina que leva seu sobrenome, na 708/709 Norte. O espaço, que ganhou projeção internacional graças ao documentário Oficina Perdiz, de Marcelo Díaz,foi palco, por 22 anos, do espetáculo Esperando Godot. Também recebeu Diário do maldito, Bella Ciau e História de algum lugar, entre outras montagens.

A oficina mecânica de José Perdiz foi criada em 1969, mas só em 1975 que ganhou os primeiros ventos de cultura. Naquele ano, o mecânico cedeu o espaço para ensaios do grupo de teatro do enteado, aluno de teatro da Faculdade Dulcina de Moraes. No fim da década de 1980, o local tornou-se um espaço cultural com a chegada do diretor de teatro Mangueira Diniz (1954-2009) e da adaptação da peça Esperando Godot, de Samuel Beckett (1906-1989). Entre 1991 e 1992, o teatro chegou a receber 7,5 mil pessoas.

A oficina mecânica de José Perdiz foi criada em 1969, mas só em 1975 que ganhou os primeiros ventos de cultura. Naquele ano, o mecânico cedeu o espaço para ensaios do grupo de teatro do enteado, aluno de teatro da Faculdade Dulcina de Moraes

Mas os anos 2000 chegaram e com eles os problemas do Teatro Oficina Perdiz. Em 2002, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios passou a apurar as condições de instalação do local, que funcionou por 38 anos em área pública. Em setembro daquele ano, houve até um cordão humano em torno da oficina. Em 2007, a situação se agravou, quando uma construtora começou obras ao lado do terreno, que afetaram o telhado da oficina-teatro. No ano seguinte, duas as empresas ligadas ao ramo de construção se comprometeram a comprar um terreno próximo do original e a construir o novo espaço.

A saga para manter a cultura ganhou outro capítulo em 2009. Além dos bombeiros condenarem a estrutura e, assim, impedirem os espetáculos, as obras da nova sede atrasaram. A Administração Regional de Brasília não quis liberar a construção das arquibancadas, alegando que a 710 Norte não era destinada ao teatro. Imbróglio desfeito, José Perdiz continua a missão em manter a arte de Brasília viva.

Há dois meses, a família de Perdiz se mudou para um novo espaço, na 710 Norte, com intenção de dar continuidade ao conserto dos carros e às artes cênicas. A oficina foi montada na térreo da nova sede, cujo o subsolo será destinado à arte. Porém, as fortes chuvas no início do ano alagaram o espaço, que até hoje tem o vermelho do barro no chão. O imprevisto atrasou a mudança da família de Perdiz e as obras da nova arena.

Saga virou filme

Além de ser um registro raro da história da cultura do DF, Oficina Perdiz é sucesso de crítica e de público. O trabalho de Marcelo Díaz (também conhecido pelo documentário Galeno, curumim arteiro) ganhou o Troféu Candango de Melhor Curta 35mm do DF no 39;Festival de Brasília e o Festival Internacional de Curtas São Paulo (2007), entre outros prêmios.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação